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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

TEOLOGIA DOS EVANGELHOS

Por: Anísio Renato de Andrade

INTRODUÇÃO

O ÁPICE DA TEOLOGIA

"Havendo Deus outrora falado muitas vezes e de muitas maneiras aos pais pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho". (Hb.1:1)
O Velho Testamento apresenta uma revelação progressiva de Deus na medida que seu povo ia andando com ele, ou mesmo quando deixava seu caminho. Em todas as situações da história de Israel, Deus veio se revelando paulatinamente. Nesse percurso, vários nomes foram usados para Deus. Cada um representava o nível de revelação alcançado. Tais experiências vinham ocorrendo juntamente com a preparação de uma linhagem especial. Deus chamou Abraão e dele formou um povo inumerável. Dentre esse povo foi separada uma tribo : Judá. Nessa tribo foi escolhida uma família : a casa de Jessé. Desse tronco veio o ápice da revelação de Deus na história da humanidade. Da raiz de Jessé veio Jesus, o Verbo Eterno de Deus. Jesus Cristo é o ponto máximo da manifestação de Deus aos homens.
No passado, o conhecimento divino se dava através de visões, mensagens, sonhos, etc. No Novo Testamento, Deus vem em pessoa humana, em carne e osso, para que o homem o conhecesse como nunca antes. Jesus é o resplendor da glória do Pai e a expressa imagem da sua pessoa (Hb.1:3). Muitos não tiveram o privilégio de estar ao lado de Jesus durante sua vida terrena. Para esses, entre os quais estamos nós, Deus providenciou que a vida, a obra e a mensagem de Jesus fosse registrada, afim de que, por meio de tais registros viéssemos a crer nele e conhecê-lo experimentalmente. Tais escritos são os Evangelhos. Neles temos o glorioso testemunho daqueles que viram e tocaram na Palavra da Vida (I Jo.1:1).
Nesse estudo, procuraremos focalizar, de modo sucinto, a teologia dos quatro evangelhos. Nos dedicaremos a extrair a visão teológica de cada um de seus escritores, de maneira que possamos aprender um pouco mais sobre a luz que a encarnação do Verbo lançou sobre a teologia bíblica.

A TEOLOGIA DE MATEUS

O primeiro evangelho desenvolve uma teologia da história: Deus faz história com o homem de maneira única e decisiva em Jesus, Cristo e Filho de Deus. Ao cumprir a Aliança por total submissão à vontade de seu Pai, Jesus abre o futuro da Igreja e do mundo à realização das antigas promessas; transforma o presente dos homens em esperança para sempre.
Mateus apresenta, intimamente ligados, o itinerário terreno de Jesus revelando-se pouco a pouco às multidões enquanto formava seus discípulos, e a construção progressiva de sua Igreja, comprovação para o mundo da presença do Reino dos Céus.

1 - JESUS CRISTO, SENHOR DA IGREJA.

O Ressuscitado anima a sua comunidade com sua presença e atuação. Dela é efetivamente, o "Senhor", realizando a primeira profecia consignada no evangelho... "e o chamarão com o nome de Emanuel, o que traduzido significa : Deus está conosco" (1:23).

MESSIAS DE ISRAEL
Jesus é o Messias esperado por Israel e anunciado pelas Escrituras. Mateus o afirma claramente diante do particularismo judaico exacerbado após a queda de Jerusalém. Desde o primeiro capítulo (1:1,16,18 16:20 27;17), Jesus é chamado "Cristo", quer dizer, "ungido" de Deus. Sua genealogia estabelece sua filiação de Davi e de Abraão. Por se o Messias em quem confirma a longa história das benevolências divinas, compete-lhe a última palavra; ele é o Salvador que Moisés prefigurava.
O evangelho da infância explicita, com o auxílio dos profetas, a maneira como Jesus realiza as esperanças judaicas; Mateus atribui-lhe os títulos messiânicos tradicionais. Segundo o anúncio profético, ele nasce em Belém, cidade real; é verdadeiramente "Filho de Davi" (9:27 12:23 15:22 20:30-31). Mas Mateus rejeita o conceito de um Messias nacionalista que seus contemporâneos criaram. A fim de corrigi-lo, apela para a figura do "Servo" de Deus (8:17 12:18-23), extraídas de Isaías (Is.42:1-4); ele é rei (21:5 2:2 27:11,39,42). De toda maneira, são as Escrituras que, incessantemente, autenticam sua identidade.

O ISRAEL REALIZADO

Ao ressaltar a realização em Jesus das expectativas messiânicas alimentadas pelo povo eleito, Mateus determina dois tempos da comunidade da salvação: o Israel realizado e o Israel irrealizado. Através do evangelho cresce, de um lado, uma tensão entre aqueles que procuram Jesus e prendem-se a ele - multidão e discípulos - e de outro, os "escribas e fariseus", intérpretes titulares das Escrituras que, através dos "sumos sacerdotes e anciãos", representantes oficiais do povo , são notórios adversários de Jesus. Este denuncia sua hipocrisia, não para rejeitá-los mas para fazê-los compreender sua recusa da realização que os pagãos vão acolher.
A inversão aparece tanto no início como no termo do evangelho: magos, astrólogos idólatras, descobrem o Rei dos Judeus (2:2), enquanto o rei Herodes quer matá-lo (2:16); o pagão Pilatos tenta agraciar Jesus (27:21-24), enquanto o povo da aliança recusa reconhecê-lo não sem chamar sobre si seu sangue redentor (27:25). Assim se consuma na Paixão o que a infância anunciava. A parábola dos vinhateiros homicidas o indica com clareza: tomando sobre si a sorte dos profetas (21:39 23:34-36), Jesus, Filho de Deus, assume o pecado de Israel infiel à Aliança. Salva-o, ao mesmo tempo, pois se denuncia sua caducidade como povo particular, abre-o à universidade eclesial. A afirmação de Jesus: "O Reino de Deus vos será tirado e confiado a um povo que produza seus frutos" (21:43) anuncia a entrada na Igreja dos pagãos que acatam a gratuidade da salvação. Ao mesmo tempo, Jesus julga o Israel perseguidor (10:22-23 22:7 23:35) com carinho e faz-lhe ver sua recusa e a esperança de uma conversão (23:37-39).
A instituição eucarística, da qual Jesus faz sinal de seu sofrimento e sua morte, dá à aliança sua forma definitiva e seu significado decisivo em "o sangue do inocente"(27:4) "derramado por muitos para o perdão dos pecados"(26:28). A paixão de Jesus justifica a existência do Israel realizado, da qual a comunidade de Mateus faz parte. O centurião e os soldados do Calvário lhe são as primícias: no meio da assembléia dos santos ressuscitados, ele confessam a divindade de Jesus, cuja morte aparece, em Mateus, como uma "teofania", uma aparição de deus (27:51-54). O Messias de Israel torna-se assim a esperança das nações (12:21), realizando "a Galiléia das nações"(4:15); é da Galiléia, com efeito, que os discípulos partem, no final do evangelho (28:16-20), para a missão universal.

O MESTRE TRAZ O REINO DOS CÉUS

Como autêntico Messias, cumprindo a expectativa de Israel, Jesus traz a todos os homens "o Reino dos Céus". Este último aparece como força de cura e proclamação de uma mensagem de felicidade (4:23 9:35). Os "milagres", ou antes, os "gestos de poder" de Jesus apresentam-se como sinais de sua missão (9:33 11:2,6 19:15,31). Ele próprio age como Servo obediente que executa a vontade salvadora de Deus, encarregando-se das enfermidade e das fraquezas dos homens (8:17). Ele usa de doçura e de piedade, atento em aliviar os seres sofredores e desprezados, e , mais ainda, em perdoar os pecados (1:21 9:2).

O ADVENTO DO FILHO DO HOMEM

Com Jesus, o Reino dos Céus aproximou-se do homem (3:2 4:17). Esse Reino cresce como uma semente (13:4-9) que abre caminho através do joio (13:24-30) e torna-se árvore frondosa. O termo deste crescimento é a "parusia" do filho do Homem (24:3,27,37,39), feliz entrada na história humana da misteriosa personagem de Daniel 7:13, tornada carne em Jesus, o Rei-pastor, juiz e salvador das nações (25:31-46). Inaugura, então, o Reino definitivo de Deus: através de sua morte e ressurreição, Jesus dá início aos últimos tempos (24:42,44). Daí em diante, a cada momento, no terreno da história onde a vigilância dos homens deve desenvolver-se, o Filho do Homem vem em seu Reino. No fim do mundo, o Reino do filho se identificará com o do Pai (13:41-43).
Para Mateus, o Filho do Homem é realmente o Filho do Deus Vivo. Antes de tudo, ele evoca a concepção virginal do Cristo (1:16,20), operada pelo Espírito santo; depois, a sua entronização messiânica no batismo, quando a voz do pai proclama a todos: "Este é o meu Filho Amado"(3:17). O hino de júbilo e louvor (11:25-27) realça a consciência que Jesus tem de sua filiação divina; esse aparece nas relações com seu Pai e na discussão sobre a identidade do Messias, Filho de Davi (22:41-45).

2 - A IGREJA DO SENHOR JESUS

Os cinco grandes discursos de Jesus desenham o perfil da vida em Igreja. Essa encontra-se reunida (10:1), instituída (16:18) e enviada (28:19-20) por Cristo. Por sua inserção no quadro da atividade histórica de Jesus, os discursos provam que é ele a regra viva e única do comportamento dos discípulos.

O ESPÍRITO DA COMUNIDADE

Os cristãos devem ser pessoas felizes, convidados a descobrir, no fundo das situações exteriormente menos favorecidas, uma plenitude nova: aquela que Jesus Cristo vive e da qual dá-lhes compartilhar. Essa é a mensagem primordial, a das "bem-aventuranças" (5:3-10); nela devemos ver um apelo para ir avante em vez de um conselho à resignação. A promessa feita em cada uma das bem-aventuranças diz respeito ao Reino de Deus, já presente pela vinda de Jesus (5:3,10), mas continuamente por receber, como realização definitiva (5:4-9).
A "justiça" reclamada por Jesus (5:20,47) radicaliza as atitudes ordenadas pelo Lei e instaura novas relações fraternas no seio da comunidade. Exortando seus discípulos a promover o acolhimento mútuo e a reconciliação, a fidelidade conjugal e o respeito ao lar alheio, a verdade no diálogo, a benevolência humilde e generosa diante dos aproveitadores e mal-intencionados, e sobretudo o amor aos inimigos, Jesus parece prescrever-lhes uma perfeição impossível; convida-os a imitar a própria perfeição do Pai celeste. Com efeito, o essencial desses preceitos repousa na pessoa de Jesus e na revelação que ele faz de Deus; o agir de seu Pai, que se torna nosso Pai, é apresentado como modelo da ação do discípulo. Mister se faz, então, que a própria força de Deus permita-lhe realizar este impossível, sem diminuir-lhe a responsabilidade da conduta, pela qual será finalmente reconhecido (12:23) e julgado (7:23 25:40,45).

O SERVIÇO MISSIONÁRIO

A comunidade reunida por Jesus é automaticamente missionária, pois a missão nada mais é do que a participação do discípulo na ação do Mestre (10:24-25). As condições do testemunho prestado pelos enviados juntam-se à mensagem das bem-aventuranças: como seu Mestre, o discípulo terá de sofrer, mas o espírito de Jesus é prometido ao perseguido (10:20 12:28); o enviado é mensageiro da paz, mas nem sempre bem acolhido, e sua vinda será, por vezes, sinal de contradição. As lutas que, em nome de Cristo, colocam os irmãos em oposição (10:35-36), anunciam uma paz superior que nasce dolorosamente através da longa história do choque das liberdades humanas (24:8).

A TEOLOGIA DE MARCOS

É interessante observarmos que Marcos sustenta um tipo de "economia da revelação". A confissão de Pedro marca-lhe a vertente. Antes dela, Jesus ao mesmo tempo se revela como Messias e exige ciosamente o segredo desse fato (1:34,44 3:12 5:43 7:36 8:26), revelação e segredo que atingem seu ponto culminante na confissão de Pedro (8:29-30). Por outro lado, os discípulos nada entendem do mistério de Jesus (4:41 6:51 8:16-21).
Depois da confissão messiânica, os discípulos continuam a mostrar a fraqueza de sua fé (9:18), mas o tema de sua ininteligência se concentra daí em diante na sorte de Jesus, e não mais apenas em sua missão (8:32). Se a menção do filho do homem já foi feita em 2;10,28, tratava-se então de seu papel terrestre. Enfim nenhum segredo é exigido do cego de Jericó que proclama em Jesus o Filho de Davi (10:46-52). Em contraprova, a intenção de Marcos poderia se confrontada com a de Mateus. Este antecipa a liberdade de proclamação em Mt.9:27 12:23 1:22 14:33. Segundo Mateus, Jesus assume antes da confissão de Pedro seu papel escatológico.
Marcos parece, portanto, ter querido distinguir na revelação do evangelho dois períodos: o mistério do Messias e o do Filho do homem - sendo que o segundo aprofunda o primeiro.
Examinando-se os pormenores, é claro que muitos matizes podem ser apresentados e uma dúvida razoável subsistirá sobre a intenção última de Marcos. Por exemplo, pode-se perguntar se os milagres da mulher sírio-fenícia e do surdo-mudo (7:24-37) devam ser vinculados à primeira ou à segunda multiplicação dos pães; se a confissão de Pedro (8:27-30) é somente conclusão da primeira parte ou introdução à segunda; se a discussão sobre a autoridade de Jesus (11:27-33) deve ser unida às três controvérsias que seguem. Ao contrário, parece mais seguro afirmar que os três anúncios da Páscoa anunciam teologicamente o início da segunda parte; isto explicaria como os matizes topográficos (9:30,33 10:1) tenham sido absorvidos na apresentação catequética da passagem. Quando muito, pode-se ver na "subida a Jerusalém"(10:32) o suporte topográfico que, em Lucas tomará valor teológico.

PERSPECTIVA DOUTRINAL

A moda crítica falou outrora do "paulinismo doutrinal de Marcos". Loisy, por exemplo, via no segundo evangelho uma "interpretação paulina... da tradição primitiva". Mas, pouco depois, A. Schweitzer e M. Werner mostravam que não se podia reconhecer em Marcos o vestígio de uma influência doutrinal de Paulo. As idéias paulinas características estão ausentes, somente os temas do Cristianismo primitivo aparecem.
O vocabulário sugere, quando muito, que Marcos viveu num meio paulino e talvez tenha conhecido I Tessalonicenses e Romanos. Mas o vocabulário da justiça, da prova, da salvação aí não se encontra. Por outro lado, ao contrário, o final canônico posterior de Marcos 16:9-20 apresenta numerosos contatos com as cartas paulinas.

JESUS, O FILHO DE DEUS

O título do livro fixa a intenção de Marcos : "Começo do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus". Eis como Jesus mostra que é o Filho de Deus. alguns manuscritos não trazem estas últimas palavras, mas sólidas razões de crítica textual autorizam a sua retenção.
Contrariamente a Mateus, que semeia com abundância o epíteto de Filho de Deus, Marcos reserva seus efeitos, porque se trata provavelmente para ele do título teológico. Além da confissão do Filho de Deus pelos demônios num relato (5:7) e um sumário (3:11) , a expressão se encontra nos pontos culminantes do evangelho : pela voz de Deus no batismo (1:11) e na transfiguração (9:7), enfim na boca do centurião que , em nome dos pagãos, proclama a eficácia da morte de Jesus: "Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus" (15:39). O segundo evangelho quer, portanto, revelar aos pagãos a boa nova: Jesus Cristo é o Filho de Deus, no sentido próprio e não somente no sentido messiânico.
Esta sobriedade na apelação de Filho de Deus se reflete no uso dos outros títulos. Habitualmente, trata-se de Jesus (81 vezes), nunca de Cristo Jesus, e de Jesus Cristo comente em 1:1 e 16:19. O termo Cristo não se encontra nunca na boca de Jesus e deve permanecer sigiloso (8:29). Os títulos de Filho de Davi (10:47 e 12:35), de Profeta (6:15 8:28), de Senhor (11:3 7:28) são excepcionais.
Correntemente, Jesus é chamado de Mestre, mas o título que Jesus reivindica é o de Filho do Homem, e isto nos introduz mais adentro na mensagem característica do segundo evangelho.

JESUS, O FILHO DO HOMEM

O evangelho é um "apocalipse", porque a vinda do Senhor é um mistério. Mateus o apresenta sob o aspecto do Reino dos Céus; Marcos o concentra sobre a figura de Jesus, que é o Reino em pessoa. tudo converge em Marcos para o mistério do Filho do Homem.
Segundo a primeira interpretação, tomada, por exemplo, por Lagrange, Filho do Homem não seria um título messiânico corrente; a passagem das Parábolas de Henoc que fala disto seria uma interpolação cristã. A expressão deveria ser relacionada à tradição de Ezequiel. Ela equivaleria a "o homem que sou, para atrair a atenção sobre sua pessoa, sem tomar abertamente, e por assim dizer, oficialmente, o título de Messias". Somente o contexto evidente de glória em 13:26 e 14:62 estabeleceria uma ligação coma profecia de Daniel.

A TEOLOGIA DE LUCAS

Na literatura do Novo Testamento, por muitas razões, a obra de Lucas é original.
Enquanto Mateus, Marcos e João se concentram, aparentemente, apenas na vida de Jesus, Lucas divide seu trabalho em dois volumes, o evangelho e os Atos; distingue, assim, com maior clareza, o tempo de Jesus e os primórdios da Igreja.
Desde a primeira frase, Marcos tem o "evangelho" como referência de seu projeto literário. Mais modestamente, Lucas declara fazer um "relato" de tudo o que se passou.
Lucas é o mais grego dos autores do Novo Testamento. Maneja com certa elegância a língua comum falada então; preocupa-se em ser compreendido pelos ouvintes poucos afeitos às tradições judaicas; o leitos ocidental moderno sente-se logo a vontade em sua companhia.
A delicadeza de Lucas foi sempre realçada. Poetas como Dante apresentaram-no como o evangelista da "mansuetude de Cristo"; pintores, como Rembrandt nele encontraram fecunda fontes de inspiração. Relatos como o do filho pródigo ou dos discípulos de Emaús ficaram bem retidos na memória dos cristãos, e todos os movimentos do despertar religioso ao longo dos tempos, a começar pelas ordens religiosas procuraram um modelo na descrição da primeira comunidade em Jerusalém.

A VIDA DE FÉ

De Lucas 9:51 a 13:21, caso façamos uma subdivisão neste ponto, o evangelista orienta a atenção dos leitores para a vida de fé: que significa tornar-se discípulo? Que conduta adotar para permanecer neste estado ? Alguns temas fundamentais da fé e da ética lucanas aparecem: a pertença a Deus e a seu Cristo como uma atitude de ruptura (abandono da família , de seus bens, de seus privilégios sociais etc.); uma vida de crença marcada pela oração e pela confissão de fé; a obediência que contrasta com a dos fariseus; esta obediência é caracterizada pela confiança unicamente em Deus e pela vigilância. Não se trata de vidas mais ou menos morais, mas da vitória de Satanás ou de Deus (10:18), de vidas prisioneiras do Diabo (13:16) ou submissas a Deus, um Deus que não é o justiceiro, mas o Deus atento cuja benevolência foi revelada aos humildes. Existe, pois, um contraste, uma oposição, entre aqueles que aceitam a mensagem e os que a rejeitam: "Pensais que vim estabelecer a paz sobre a terra? Não, eu vos digo, mas uma divisão"(Lc.12:51). Jesus é o sinal eficaz do amor de Deus. Para representar o Pai, Lucas coloca o Filho em cena. Os discípulos e os fariseus representam os crentes e os incrédulos.
Mas, para que esta manifestação do Reino chegue aos homens, urge haver intermediários : Jesus, primeiro, os Doze a seguir, depois os Setenta e dois cujo apelo e missão abrem esta parte do Evangelho (Lc.10:1-11). É significativo que Lucas conceda um lugar privilegiado a essa missão: o discurso de envio que a Coleção de Logia associava ao mandato dos Doze, é por Lucas ligado à expedição dos Setenta e dois. A missão dos doze prefigura a evangelização de Israel, enquanto a dos setenta e dois antecipa a vocação universal dos gentios, bem encaminhada no tempo do evangelista. Se ele dá uma atenção discreta à primeira, atribui uma importância decisiva à segunda.

A TEOLOGIA DE JOÃO


MUDANÇAS DE PERSPECTIVA

Um certo número de dados que ocupavam um lugar capital nos evangelhos sinóticos são no quarto evangelho como que relegados para o segundo plano ou transformados. É assim que o anúncio do Reino, tema fundamental da pregação de Jesus nos sinóticos, não aparece em João senão uma ou duas vezes: 3:3-5 e também 18:36. Ele é substituído pelo tema da vida, conhecido aliás já dos sinóticos que estabelecem a equivalência entre "entrar no Reino" e "entrar na vida" (Mc.9:43 10:17 Mat.18:3 19:17 Lc.18:29-30). Mas, enquanto neles a vida é sempre um bem puramente escatológico (salvo em raras passagens como Lc.15:32), no quarto evangelho, ao lado de passagens em que a palavra "vida" conserva este sentido, há um grande número de outras em que ela constitui um bem divino possuído desde agora.
Os sinóticos nos oferecem todo um conjunto de ensinamentos morais sobre as condições de entrada ou de existência no Reino: a pureza de intenção, a prece, o jejum, a esmola, a castidade, a fidelidade conjugal, o desapego das riquezas. No quarto evangelho, Jesus fala, sem dúvida, da necessidade de guardar os mandamentos, mas ele não se explicita sobre nenhum ponto particular. Toda a moral de Jesus é relacionada ao mandamento do amor fraterno inculcado com grande instância (13:34-35 15:12 17:17-26). É claro, aliás, que as bases desta poderosa unificação se encontram nos sinóticos.

ESCATOLOGIA

Outra modificação de grande importância: o recuo incontestável no quarto evangelho sob o ângulo escatológico; nenhum trecho apocalíptico do gênero do apocalipse sinótico, nenhuma menção da vinda do Filho do Homem sobre as nuvens, nenhuma descrição das côrtes do juizo final. A manifestação da glória de Jesus (1:14 2:11 11:4,40) , a salvação (5:24,27), o julgamento (3:18,19) são parcialmente atualizadas. Contudo, o aspecto escatológico da mensagem cristã não é rejeitado, e nada nos permite considerar como adições adventícias ao texto primitivo as passagens sobre a ressurreição corporal do fim dos tempos (5:28-30 6:39,40,44,54). É que a mística de João não é absolutamente uma mística intemporal; ao modo dos profetas e diversamente dos gregos, João conhece um progresso dos tempos, progresso que, como nos sinóticos, é ligado à pessoa de Jesus. Apenas, muito mais do que seus antecessores, ele acentua esta idéia de que no Cristo já se encontra o cume ou o fim da história do mundo. Pela morte de Jesus, o mundo é vencido e o príncipe deste mundo banido (12:31 16:33); eis porque esta morte é a "consumação" escatológica (19:30).

A CRISTOLOGIA

Nos sinóticos como se disse acima, o anúncio do Reino ocupa um lugar considerável; ligado ao Reino de Deus, a pessoa de Jesus não é esquecida (Mt.11:26-30), mas não tem tanto lugar na pregação; um segredo até a envolve, e Cristo proíbe aos demônios (Mc.1:24) e também aos discípulos (Mc.8:30) de desvendarem sua identidade. Em João, ao contrário, é a revelação da personalidade divina do Salvador que aparece por toda a parte em primeiro plano; aqui nada de parábolas do Reino, mas duas parábolas-alegorias (o bom pastor e a vinha) relativas a esta revelação. O argumento principal do quarto evangelho, que será exposto, na síntese doutrinal, é , com efeito, este: que o Filho de Deus encarnado foi enviado pelo Pai aos homens para lhes revelar e lhes comunicar as riquezas misteriosas da vida divina.
É na igreja que estas riquezas lhes serão ofertadas. Na mesma medida em que o evangelho é cristológico ele é também eclesial. O ministério público de Jesus, com sua pregação e seus milagres, é apresentado como uma antecipação da vida da igreja, que santificará as almas pela palavra. Por sua vez, a existência da igreja é contemplada como uma antecipação da parusia.
A despeito desta importante mudança de perspectiva, o Cristo do quarto evangelho não é essencialmente diferente do Cristo dos sinóticos. Certamente, João sublinha a divindade de Cristo muito mais vigorosamente do que seus precursores; mas também entre eles é por toda a parte insinuada, a tal ponto que os sinóticos ficam ininteligíveis sem esta crença. O título enigmático de Filho do Homem, verdadeiramente próprio de Jesus e que não foi divulgado pela pregação cristã ulterior, é comum nos sinóticos e em João. Somente que João insiste mais sobre a transcendência e a preexistência do Filho do Homem; tende além disso a atenuar a distância entre seu estado terrestre e sua condição gloriosa: a paixão é mantida, mas , compreendida como o começo da glorificação, não apresenta mais aqui o caráter de humilhação sublinhado nos sinóticos.

CONCLUSÃO

Mateus apresentou Jesus como o Rei que, em princípio, era dos judeus, mas estes o rejeitaram. Marcos mostrou o Jesus Servo, em toda a humildade. Lucas o apresenta como homem. Cada um desses ângulos é de fundamental importância para entendermos a revelação de Deus em Cristo. Entretanto, João ultrapassou todas essas facetas messiânicas. Ele proclamou, acima de tudo, a divindade de Cristo. Jesus é apresentado no quarto evangelho como Filho de Deus. Tal título vai além de Filho de Davi ou Filho do Homem. Cada um desses nomes apresenta uma verdade acerca do Senhor e pode também significar pontos de vista que se possa ter sobre sua pessoa. Porém, nenhuma idéia a seu respeito será completa até que ele seja reconhecido como Deus e como Senhor. Quem chega a esse ponto, alcançou o objetivo dos evangelhos, que é apresentar o Pai através do Filho.

BIBLIOGRAFIA

INTRODUÇÃO À BÍBLIA
EVANGELHOS SINÓTICOS E ATOS DOS APÓSTOLOS
J.Auneau / F. Bovon
Edições Paulinas
BÍBLIA SAGRADA
Versão de João Ferreira de Almeida - Revista e Corrigida
Imprensa Bíblica Brasileira

MISSIOLOGIA

Por: Pr. Valter José G. da Silva

Bacharel em Teologia Pela Faculdade FAIFA.
Bacharel em Teologia Pelo Seminário Maior de Ensino Teológico do Pantanal (IBA).
Autor dos Livros: Teologia da Liderança Cristã – Teologia do Jejum e da Oração – Discipulado – Homilética, (SETEFA) – Manual de Mensagens – O que são Mensagens Subliminares – Filho de Pastor.


1 - Visão Panorâmica.

Missiologia: é a ciência que tem por objetivo o estudo da grande comissão dada por Cristo Jesus em sua Igreja. A missiologia dedica-se, principalmente, ao caráter transcultural da tarefa evangelizadora. É o estudo da obra missionária ordenada por Jesus Cristo aos seus discípulos, no sentido nacional e transcultural (MT. 28. 19 / MC 16. 15 / AT 1. 8).
O estudo de missiologia é de fundamental importância, por se tratar da tarefa suprema da igreja, que é a evangelização dos povos. Durante muitos anos, ouvimos falar essa conhecida frase: “Missão esta no coração de Deus”. Nós sabemos que o interesse de Deus sempre foi, e sempre será, alcançar a todos os povos, raças, nações e tribos de todas as línguas. Entretanto, nesses últimos dias, Deus está interessado em saber se missões estão também em nossos corações. O ponto fundamental da missiologia é definir as estratégias e os parâmetros da grande comissão dada por Jesus, tais como: Quem envia e quem é enviado; quais são os obstáculos das missões contemporâneas; como será o alcance dos povos não alcançados e a evangelização de todos os povos, de uma maneira geral.
Deus fez o papel do primeiro missionário, quando desceu até o Jardim do Éden e proclamou o evangelho aos pais de toda raça humana, escondida nos lombos de Adão. Depois disso, Jesus fez o papel de enviado, quando completou a missão daquele que o lhe confiou.
O Espírito Santo é o agente das missões contemporâneas. Entretanto, aprendemos que a trindade formou o primeiro concílio missionário.
2 - Deus, o Primeiro Missionário.
Toda criação de Deus é importante. Porém, Deus escolheu o homem de um modo especial, formando-o à sua imagem e semelhança (Gn. 1. 26 - 28).
Deus criou os seres angelicais, com graus distintos de responsabilidades e autoridades. Deu a um querubim uma formosura jamais vista nos outros anjos e sabedoria esplêndida (Ez. 28. 12-17). Esse anjo atuava como primeiro ministro de Deus, tendo além das qualidades citadas, grande poder e livre arbítrio. Mas, com tanto poder e formosura, Lúcifer, conforme ficou conhecido, ficou tão deslumbrado com o que Deus lhe dera, que desejou “ser semelhante ao altíssimo” (Is. 14. 14), com isso encabeçou uma rebelião jamais vista em toda história, com o propósito de estabelecer um reino espúrio, juntamente com os anjos que lhe acompanharam nesta rebelião (Ap.12:4-9). Por ter incitado a rebeldia, Lúcifer, agora chamado de Satanás, recebeu o juízo de Deus e a expulsão dos céus. Tempos depois da rebelião, Deus fez outra criação, a qual também concedeu livre arbítrio: o homem. Ao criá-lo, Deus mostrou o seu cuidado especial: fez um jardim de delícias para a sua nova criação habitar. Satanás, observando isso, encheu-se de ira e ciúme, e partiu para perturbar e atacar o homem, a nova criação de Deus.
Deus estabeleceu um relacionamento de companheirismo, e comunhão com Adão e Eva, no Jardim do Éden, mediante o amor. Para que eles continuassem esse relacionamento com Deus, teriam apenas que passar na prova de obediência total à vontade divina, mas eles falharam. Com a queda, o amor de Deus escreveu e história da redenção. Pois Ele já havia previsto a possibilidade do homem pecar e idealizou um meio para resgatá-lo. E foi assim que Deus desceu ao Jardim do Éden, naquela tarde sombria, e proclamou, como autêntico missionário, a primeira mensagem evangelística, registrada em Gênesis 3.15, "...porei inimizade entre ti e a mulher, entre a sua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirá o calcanhar”. Esta é a primeira referência a Cristo na Bíblia, relacionando a derrota de satanás, a sua sentença e as boas novas da vitória sobre o fracasso.
Naquele momento, Deus estava anunciando Cristo a todos os descendentes de Adão, que iriam nascer no decorrer dos séculos.

3 - Jesus, o Missionário enviado por Deus.
Em João 3. 16, encontramos o plano de Deus se caracterizando, ao enviar o seu único Filho ao mundo, para construir a história da redenção, numa inexplicável expressão de amor, a ponto, do apóstolo João, que soube tão bem descrever a cena apoteótica do amor de Deus, ter usado a expressão “de tal maneira”, como uma forma de tentar explicar a profundidade do amor de Deus ao mundo. Amor este que ultrapassa as fronteiras culturais, racionais e lingüísticas, não se restringindo a uma raça, nação ou grupo cultural especifico. Ele ama a todos os povos e deseja que todos os homens se arrependam e sejam salvos, mediante a obra realizada por Jesus Cristo.
Conforme o texto de (2Pd. 3. 9) "...Ele é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se".

4 - A Grande Comissão feita por Jesus Cristo.
Após a ressurreição, o Senhor Jesus Cristo priorizou três ordens aos discípulos, a saber: "Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc. 16. 15). "Ide, portanto fazei discípulos de todas as nações" (Mt. 28. 19). "E sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém..., até aos confins da terra". (At. 1. 8). Estas três passagens bíblicas são suficientes para descrever as prioridades do Senhor Jesus, que é a evangelização do mundo. Antes mesmo da ressurreição, o Senhor Jesus Cristo já havia dito que primeiro, o evangelho seria pregado a todas as nações e depois viria o fim (Mt. 24. 14). Já naqueles dias, o Senhor Jesus sentia tanto a necessidade da obra missionária que certa vez, ao olhar para seara, e ainda faltando quatro meses para a colheita! Já via os campos brancos para a ceifa: “Não dizeis: Ainda há quatro meses até a ceifa? Eu vos digo: Erguei os vossos e vede os campos, que já estão brancos para a ceifa” (João 4. 35).
5 - Espírito Santo, o Propagador das Missões.

O livro de Atos dos apóstolos menciona os grandes feitos dos apóstolos no início do cristianismo, em Jerusalém. Nós sabemos, entretanto, que os discípulos nada fariam se não fosse o preceito dado pelo Senhor Jesus, antes da sua ascensão aos céus: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vos o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda Judéia, Samaria, e até os confins da terra" (At. 1. 8).
Após terem sido cheios do Espírito Santo, o mundo foi alcançado pela pregação do evangelho, e isso se deve ao grande propagador de missões, o Espírito Santo. É ele o maior incentivador da obra missionária, pois impulsiona, encoraja e chama os missionários, nós percebemos tal afirmação no livro de Atos, capítulo 13, quando a Igreja de Antioquia estava reunida: "Disse o Espírito Santo: Separai-me agora, Saulo e Barnabé, para obra que os tenho chamado” (At 13. 2). A missão do Espírito Santo é chamar os missionários, como também é convencer o mundo do pecado da justiça e do juízo (Jo. 16. 8).
Os missionários são enviados para pregar ao pecador, mas é o Espírito Santo quem os convence a aceitar a mensagem pregada pelos missionários.
6 - Bíblia, o Livro Missionário.

Sem a Bíblia, a evangelização do mundo seria não só impossível, mas também inconcebível. Ela nos dá o mandato, o modelo e o poder para evangelização do mundo. A Bíblia não apenas contém o evangelho, como ela é o próprio evangelho (boas novas). Através dela, Deus está evangelizando, isto é, comunicando as boas novas ao mundo. Jesus mesmo ordenou aos seus discípulos, dizendo: “Ide por todo mundo pregai o evangelho a toda criatura” (Mc. 16. 15).
A Bíblia é o manual do missionário, sem ela não há salvação: “De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir a palavra de Deus" (Rm. 10. 17). ”E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo. 8. 32), portanto a Bíblia é a ferramenta inseparável do bom soldado (Js. 1. 8).
7 - Missões no Antigo Testamento.

Já aprendemos no primeiro capítulo desta apostila que o Deus vivo, é um Deus missionário. E o maior exemplo de missões no Antigo Testamento, começa com o chamado de Abrão, cerca de quatro mil anos atrás.
Em Gênesis 12, começa a grande promessa feita a Abraão: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12. 1-4). A promessa de Deus, feita a Abraão se divide em três aspectos principais:
A promessa de uma terra.
A promessa de uma benção.
A promessa de uma posteridade.
Após Ló ter se separado de Abraão, Deus disse a esse: "Ergue os olhos e olha desde onde estás para norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente, porque toda essa terra que vês, Eu darei a ti, e a tua descendência, para sempre" (Gn. 13. 14 - 15), ali foi confirmada a promessa de uma terra a Abraão e sua descendência.
Em Gênesis 12. 1 - 4, aparecem cinco vezes as palavras: bênçãos e abençoar. A bênção que Deus prometeu a Abraão transbordaria sobre toda humanidade.
Um pouco mais tarde, Deus confirma a Abraão a promessa de sua posteridade, simbolizada como o pó da terra e como as estrelas do céu de tão inumerável que seria.
Deus cumpriu esta promessa, porque o pó da terra simbolizava a descendência natural de Abraão, os filhos de Israel, que nasceram através de seu neto Jacó (Gn. 32. 12).
As estrelas do céu simbolizavam a descendência espiritual, que são todos os que aceitam a Jesus Cristo, que é descendente de Abraão na carne (Gl. 3. 29), portanto a promessa de Deus feita a Abraão, dizendo: "Em ti serão bendita todas as famílias da terra" (Gn. 12. 3), se cumpre perfeitamente porque o Novo Testamento inicia-se dizendo:”Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão" (Mt. 1. 1). Todas as famílias da terra que aceitam Jesus se tornam também filhos de Abraão e herdeiros da mesma promessa dada a ele (Gl. 3. 7 - 29 / Rm. 4. 16 - 17).
Jesus Cristo é esta promessa missionária, feita por Deus no Antigo Testamento, ao afirmar: "Digo-vos que muitos virão do oriente e do ocidente e tomarão lugar à mesa com Abraão, Isaac e Jacó no reino dos céus” (Mt. 8. 11-12).
8 - O chamado missionário de Israel .

Muitos acham que a visão missionária não soa tanto no Antigo Testamento. Isso se dá pelo fato de muitos não compreenderem que Deus estava preparando a nação de Israel como luz do mundo em meio aquele mundo pagão. Notemos isso em Êxodo 19. 4 - 6 / Salmos 67 e, principalmente em Gêneses 12. 1 - 3. Depois disso percebemos a história de Jonas, que foi enviado por Deus à cidade de Nínive, como autêntico missionário judeu, para pregar aos ninivitas. Ainda vemos a história de Isaías (Is. 6. 8), de Jeremias (Jr. 1. 5) e outros profetas.
O plano missionário de Deus para Israel, se dividia em três pontos:
Proclamar seu plano de abençoar as nações (Gn. 12. 1 - 3).
Participar do seu sacerdócio como agente dessa bênção (Ex. 19. 4 - 6).
Provar seu propósito de abençoar todas as Nações (Sl. 67).

O primeiro ponto mostrado acima contradiz as pessoas que defendem a teoria de que, no Antigo Testamento, a visão Missionária era extremamente nacionalista, pelo fato de Deus tratar de forma peculiar a nação de Israel.
Se observarmos a Bíblia, descobriremos que em seu primeiro capítulo, antes mesmo do homem pecar, a palavra dada a Adão e Eva foi esta: "E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundo, multiplicai-vos". Após o pecado essa benção foi quebrada pela maldição (veja o contraste entre Gênesis 1. 28 e Gênesis 3. 17), mas em Gn. 12. 3, com a chamada Abraão, Deus promete abençoar novamente todas as famílias da terra, através da descendência de Abraão (Israel): "Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”.
O segundo ponto mostra o plano de Deus de usar Israel como intercessor das demais nações diante de Deus.
O terceiro ponto é o significado do Salmo 67, aplicado a todos os povos, por intermédio do que Deus havia dado a Israel, mostrado através dos sinais e das maravilhas. Isso é percebido, principalmente, quando Deus abriu o Mar Vermelho e o rio Jordão, estes fatos, fizeram com que todas as demais nações temessem ao Deus de Israel, fato que é comprovado pelo testemunho de Raabe "...porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do Mar Vermelho diante de vós, quando saístes do Egito, e o que fizestes aos dois reis dos amorreus, a Seor e a Ogue que estavam além do Jordão, os quais destruístes. Ouvindo isso, desmaiou o nosso coração e em ninguém há mais ânimo algum, por causa da vossa presença, porque o Senhor vosso Deus, é Deus em cima nos céus e embaixo da terra".
Atividades de Apoio
Faça uma redação sobre um personagem do Antigo Testamento, que tenha exercido missões.
Na pesquisa deve ter:
Tempo em que ele viveu.
De quem ele foi contemporâneo.
E porque, você o considera como um missionário.

9 - Missões no Novo Testamento.

Já aprendemos que o Antigo Testamento é uma base indispensável e insubstituível na tarefa missionária da Igreja, entre as nações e povos deste mundo. O Deus que no Antigo Testamento se identifica como o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, e que revela a Moisés o seu nome pessoal Yahweh, é o Deus de todo o mundo. No Novo Testamento, nos é apresentado Jesus, o Salvador do mundo. Do ínicio ao fim, o Novo Testamento é um livro de Missões.
Os Evangelhos anunciam a chegada definitiva do reino dos céus, o livro de Atos dos Apóstolos anuncia a propagação deste reino e as Epistolas são instrumentos reais e autênticos do trabalho missionário dos apóstolos às Igrejas recém-inauguradas. Com base na própria pregação de Jesus pode-se afirmar que a obra missionária da Igreja, por todo o mundo, é a exata razão do intervalo entre a ascensão de Jesus e seu retorno como o Filho do Homem.
O mandado missionário do Evangelho de Mateus é a grande Comissão (Mt. 28. 19 - 20). O de Marcos é uma ordem imperativa: "Ide" (Mc. 16. 15). O de João é de que, se alguém não nascer de novo, não poderá ver o reino do céu (Jo. 3. 3).
10 - A Grande Comissão.

Em Mt. 28. 19 - 20, temos o registro da grande comissão dada por Jesus aos seus discípulos.
Dentre os vários aspectos dados por Jesus a essa Grande Comissão, queremos destacar dois pontos principais: Primeiro - Uma Ordem. Segundo - Uma promessa.
Uma ordem. "Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações” Este “Ide”, ordenado por Jesus é uma confirmação de Marcos16. 15, “Ide e pregai o Evangelho a toda criatura”. Isso é uma ordem imperativa. Jesus, após ressuscitar disse: “É me dado todo o poder no Céu e na Terra” (Mt. 28. 18). Nesse momento, Ele, como General vitorioso, não pediu aos seus discípulos para evangelizar, Ele deu uma ordem expressa: “IDE”.
Uma Promessa: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt. 28. 20). Ao mesmo tempo em que Jesus nos deu uma ordem, Ele nos consolou, dizendo que estaria conosco na execução de sua grande comissão. Não estamos sozinhos nesta missão, por isso devemos realizar o mais rápido possível o que o Senhor nos confiou, pois Ele está conosco em qualquer hora, em qualquer lugar e em qualquer dia que sairmos para fazer a sua obra, cumprindo a suprema tarefa da Igreja, que é a evangelização do mundo.

11 - A Igreja Primitiva Cumpriu a Grande Comissão?
No livro de Atos dos Apóstolos, encontramos a resposta para a pergunta feita acima. Milhões de cristãos julgam que o livro de Atos dos Apóstolos e o de Lucas registram a obediência dos doze Apóstolos à grande comissão. Mas, na verdade relatam a relutância dos mesmos em obedecê-la. Sabemos que os judeus sempre foram exclusivistas e este foi o grande obstáculo para a realização da grande comissão. Parece-nos que os doze apóstolos não entenderam a missão outorgada por Jesus a eles. Percebemos isso quando Cornélio mandou mensageiros buscarem a Pedro. Se não fosse a advertência que o Senhor havia feito a Pedro, através da visão do lençol (Leia At. 10. 9 - 16), ele não teria aceitado ir anunciar o evangelho, pela primeira vez, aos gentios.
O próprio Espírito de Deus advertiu a Pedro, dizendo: “Levanta-te, pois e desce e vai com eles, nada duvidando, porque eu os enviei” (At. 10. 20).
Quando chegou ao conhecimento dos apóstolos, em Jerusalém, e dos crentes, na Judéia, que Pedro havia pregado aos gentios, começaram a criticá-lo por sua atitude. Agora pergunto: será que eles já haviam esquecido que Jesus disse: "Ide até os confins da terra"? Na verdade queriam que o evangelho ficasse restrito somente aos judeus. Vejamos o que diz Gálatas 3. 26 -28: "Portanto os judeus e os gentios são unidos por Deus pelo sacrifício da morte de Cristo na cruz do calvário".
12 - O Primeiro Concílio Missionário, em Jerusalém.
Nós aprendemos pela história do Cristianismo que, a princípio, os apóstolos achavam que esse seria apenas uma continuação do Judaísmo, só que de uma forma mais ampliada. Mas não foi isso que o Senhor Jesus passou para eles. Quando a notícia de que Pedro havia pregado para a casa de Cornélio chegou em Jerusalém, os apóstolos se reuniram para dar o seguinte parecer: "Ou o cristianismo ficaria restrito à região da Palestina, ou avançaria por ela até os confins da Terra". Após haver grande debate entre os apóstolos, Pedro tomou a palavra, fazendo uma exposição do que Deus havia feito por intermédio dele aos gentios, na casa de Cornélio, e como Deus o havia escolhido para levar o evangelho aos gentios.
Depois da exposição feita pelo apóstolo Pedro, a multidão silenciou para ouvir a exposição feita por Barnabé e Paulo, acerca do que Deus fizera por intermédio deles, na primeira viagem missionária. Ao terminarem, Tiago, que presidia a reunião, tomou a palavra e fez uma exposição, mostrando referências bíblicas em que os profetas prediziam que o nome de Jesus seria invocado entre os gentios. Com isso, o Concilio de Jerusalém, por volta do ano 50 d.C., registrado em Atos dos Apóstolos, capítulo 15, deu seu parecer favorável à expansão do cristianismo entre os gentios e até os confins da terra.
13 - Panorama Missionário em Atos dos Apóstolos.

Estudaremos, agora, a ação missionária desenvolvida pela Igreja primitiva e pelos apóstolos, no início do cristianismo.
Atos 01 - Antes da ascensão, Jesus traça o perfil geográfico da obra missionária, começando por Jerusalém, Samaria, Judéia e até os confins da terra (Atos 1. 8).
Atos 02 - No dia de Pentecostes, o Espírito Santo desce sobre os primeiros 120 membros da Igreja local, fundada por Cristo. Neste dia, houve a conversão de quase três mil almas. As 14 nações que estavam reunidas, em Jerusalém, ouviram o discurso de Pedro, que estava "inflamado" pelo Espírito Santo de Deus.

Atos 03 - A Igreja primitiva já se encontrava com mais de 3.000 membros. Era um exército de gente, cheio do Espírito Santo, disseminando a semente por todas as regiões.
Atos 04 - O resultado dessa disseminação, referida no capítulo três já é notado neste capítulo, pois a Igreja de Cristo já ultrapassa a marca de 5.000 membros. Este crescimento começa assustar as autoridades, a ponto de Pedro e João comparecerem no Sinédrio e serem proibidos de falar o Nome de Jesus.
Atos 05 - A Igreja primitiva cumpre a primeira parte missionária que Jesus havia determinado, pois toda a Judéia já havia sido evangelizada.
Atos 06 - São consagrados sete diáconos para servir a Igreja, o relato do versículo 7 desse capítulo, mostra o avanço extraordinário da Igreja de Cristo. Até mesmo, muitos dos sacerdotes que perseguiram o Senhor Jesus, se convertiam a Deus. A Igreja crescia de forma tal, que as autoridades, mesmo com as astúcias do inimigo, não podiam mais controlar nem frear seu desenvolvimento. A obra missionária tinha força de gigante, e o povo cumpria com alegria os ensinamentos do Mestre Jesus Cristo.
Atos 07 - Após uma exposição poderosa das Escrituras e debaixo de muita unção, o diácono Estevão foi expulso da cidade e apedrejado, mas, mesmo diante de tanta intempérie do adversário, seguiu o exemplo de Cristo e perdoou os seus executores (Atos 7. 60). Tornou-se o 1° mártir do cristianismo. Parece ter sido a sementeira que o evangelho precisava para crescer ainda mais.
Atos 08 - A Igreja primitiva cumpre a segunda parte do perfil missionário geográfico ensinado por Jesus, e toda a Samaria é evangelizada pelo poder da pregação do diácono Felipe (Atos 8. 6).
Atos 09 - Acontece a conversão do homem considerado como o maior missionário da História, o apóstolo Paulo. Esse Missionário traria muitos benefícios ao cristianismo.
Atos 10 - O apóstolo Pedro recebe uma visão divina de missões transculturais, e em obediência àquela visão, leva o evangelho de Cristo aos gentios, na casa de Cornélio.
Atos 11 - O evangelho cresce entre os gentios, toma os rumos de Antioquia, a terceira cidade mais importante do Império Romano, com cerca de 500.000 habitantes. Os discípulos são chamados, pela primeira vez de cristãos, pois se pareciam com Cristo.
Atos 12 - O crescimento evangélico incomoda as autoridades. Herodes Agripa I, neto de Herodes, o Grande, manda matar Tiago, o primeiro dos Apóstolos a ser morto, e lança na prisão a Pedro, mas esse é liberto milagrosamente da prisão. Herodes Agripa I morre comido de bicho, por não dar glória a Deus.
Atos 13 - A Igreja de Antioquia torna-se a primeira Igreja Gentílica, com a visão de missões transculturais, e envia os seus dois primeiros missionários: Paulo e Barnabé.
Atos 14 - É grande o resultado obtido por Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária, fundando Igrejas fortes na província da Galácía. Em qualquer lugar que passassem, deixavam igrejas formadas.
Atos 15 - Primeiro Concílio realizado em Jerusalém pelos apóstolos, dando incentivo ao impulso da obra missionária aos gentios.
Atos 16 - A Igreja atinge a terceira meta do perfil missionário geográfico ensinado por Jesus, e toda a Judéia e Ásia já haviam sido evangelizadas. A visão transcultural de Paulo é ampliada em Trôade, e o evangelho chega à Europa. Lídia é a primeira convertida, na viagem de Paulo à Europa.
Atos 17 - Paulo e Silas fundam duas Igrejas fortes: uma em Tessalônica e a outra em Beréia. Depois partem para Atenas, capital mundial da filosofia, e evangelizam os filósofos Epicureus e Estóicos no Areópago de Atenas, capital da Grécia.
Atos 18 - O Apóstolo Paulo funda uma Igreja forte em Corinto, cidade comercial da Grécia, e conclui a segunda viagem missionária, iniciando logo após essa, sua terceira viagem missionária.
Atos 19 - Paulo chega a Éfeso, cidade comercial da Ásia Menor e ali permanece dois anos, dando aula na escola de Tirano. Funda, nesta cidade, uma Igreja bem sólida e teologicamente bem preparada.
Atos 20 - Paulo passa novamente a Macedônia e Grécia, fortalecendo as Igrejas fundadas por ele nas suas primeiras viagens missionárias.
Atos 21 - Paulo é avisado pelo profeta Ágabo, que se fosse a Jerusalém seria preso, mas decidido, foi à Jerusalém. Lá chegando reuniu-se com seus anciãos e fez um relato do que Deus havia feito através da sua vida aos gentios. No dia seguinte, entra no templo e cumprindo-se a profecia, é preso.
Atos 22 - Após sua prisão no templo, faz um grande discurso em sua defesa e dá testemunho de sua conversão no caminho de Damasco, e afirma seu chamado por Deus para pregar aos gentios (v. 21).
Atos 23 - O perseguidor é perseguido, Paulo que, quando membro do Sinédrio, consentiu na morte de Estevão, agora é julgado perante o Sinédrio por causa do evangelho.
Atos 24 - O apóstolo prega com autoridade e poder perante o Governador Félix, e este fica atemorizado.
Atos 25 - Deus cumpre na vida de Paulo o que disse através da vida de Ananias, no ato de sua conversão: "Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar meu nome perante aos gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel" (Atos 9. 15).
Atos 26 - Perante as autoridades, Paulo evangeliza o Governador Festo, sucessor de Félix. Por pouco sua mensagem não converte o rei Agripa e sua mulher Berenice.
Atos 27 - O Apóstolo Paulo faz uma viagem forçada e, após o naufrágio, ganha 276 vidas que estavam com ele, no navio. Ao chegar à ilha de Malta, ganha muitos indígenas para Cristo, e o evangelho chega até os confins da terra.
Atos 28 - Este é o capítulo final do livro de Atos dos Apóstolos. Paulo chega a Roma, capital do Império, e testifica do evangelho perante a autoridade Suprema do Império Romano. Dali por diante, o cristianismo alcança todo Império e até os confins da terra, cumprindo a quarta meta do plano missionário traçado por Jesus Cristo, em Atos 1. 8.
14 - Paulo - o maior missionário do Cristianismo.

O Apóstolo Paulo é, indiscutivelmente, o maior missionário que o cristianismo já teve. Quando ele se converteu no caminho de Damasco, Deus disse para Ananias: "Este é para mim um vaso escolhido, para levar meu nome perante os gentios e os reis, bem como, perante os filhos de Israel" (Atos 9.15). O chamado de Paulo foi completo. Ele seria missionário perante autoridades religiosas, civis e militares, perante ricos e pobres,perante ignorantes e intelectuais, gentios e israelitas. No livro de Atos dos Apóstolos, encontramos Paulo evangelizando todos esses tipos de pessoas; desde o ignorante Demétrio até os sábios e filósofos epicureus e estóicos; de pessoas pobres da Judéia até as de alta posição em Beréia, desde o falso profeta Elimas até o proconsul Sérgio Paulo; da plebe do Império até o comandante de tropas Cláudio Lísia, desde o fariseu até o presidente do Sinédrio.
Deus percebeu que os doze apóstolos não estavam cumprindo corretamente a grande comissão, pois só queriam ficar em Jerusalém. Foi neste momento que Jesus apareceu a Paulo, no caminho de Damasco, e o chamou para ser o grande apóstolo missionário entre os judeus dispersos e gentios do vasto Império Romano, naquela época.
15 - As Viagens Missionárias de Paulo.

O apóstolo Paulo foi o grande trunfo do cristianismo na sua expansão mundial. Segundo o que ele mesmo afirma, em sua carta escrita aos Gálatas (Gálatas 1. 15-18), após sua conversão partiu para Arábia, provavelmente para um preparo com Deus, depois de 3 anos, subiu para Jerusalém, onde esteve com os apóstolos. Essa visita de Paulo à Jerusalém, parece ter sido suficiente para se perceber a falta de interesse daquela Igreja por missões e, pela conversa que teve com o pastor daquela Igreja que era Tiago, Paulo observou o desinteresse em cumprir a ordem de Jesus, quando disse aos seus discípulos: "Ficai em Jerusalém até que do alto sejais revestidos de poder" (Lc. 24. 49).
Ouve uma interpretação errônea por parte dos discípulos, por que Jesus disse: "...até que..." , isto é, até o derramamento do Espírito Santo, e depois deveriam partir para os confins da terra. Porém os apóstolos queriam permanecer somente em Jerusalém. Em Marcos 16.15, o Imperativo dado por Jesus Cristo: "Ide...", é traduzido para palavra grega "Poreuthentes", que quer dizer: partir, deixar, atravessar fronteiras. Paulo, sabendo disso, foi congregar na Igreja de Antioquia.
15. 1 - A Primeira Viagem Missionária de Paulo.

A Igreja de Antioquia se tornou a primeira a fazer missões transculturais. Durante uma consagração de jejum e oração, disse o Espírito Santo: "Separai-me agora, a Barnabé e a Paulo para a obra que eu os tenho chamado" (Atos 13. 2). Em sua primeira viagem, Paulo passou por várias províncias da Ásia Menor, tais como: Salamina e Pafos, na ilha de Chipre, Antioquia e Icônio, em Listra e Derbe, na Licônia. Sendo essa a primeira viagem missionária, feita antes do Concílio de Jerusalém, no ano 50 d.C..
15. 2 - A Segunda Viagem Missionária de Paulo.

Após o Concílio de Jerusalém, Paulo empreendeu sua segunda viagem missionária, visitando as Igrejas dos Continentes, as quais foram estabelecidas na primeira viagem. Foi até as costas do Mar Egeu, Trôade, antiga cidade de Tróia, viajou para Europa, estabelecendo Igrejas em Felipos, Tessalônica e Beréia, na província da Macedônia. Foi a Atenas , a cidade culta da Grécia, e estabeleceu uma viagem bastante forte em Corinto. Por fim encerrou essa segunda viagem com uma breve visita a Éfeso, na Ásia Menor.
15. 3 - Terceira Viagem Missionária de Paulo.

Esta terceira viagem do apóstolo foi muito longa, partindo de Antioquia, Galácia e Frígia, permaneceu dois anos em Éfeso, passando novamente pela Macedônia. Na Grécia prega um sermão em Trôade, onde na unção de Deus, ressuscita um jovem que havia caído do terceiro andar. Despede-se dos Anciãos em Éfeso, passa por Tiro, Cesaréia e chega à Jerusalém. Após ser salvo de um complô armado pelos judeus, é resgatado para Cesárea, onde apresenta sua defesa perante os governadores Félix, Festo e o rei Agripa, quando então, apela para César, e é enviado para Roma.
Na viagem para Roma, seguiu em um navio com 276 pessoas, e sofre um naufrágio, porém todos chegam salvos, numa ilha chamada Malta, por ali permanece três meses, evangelizando aquele povo e os ganhando para Cristo, inclusive o chefe da ilha. Após sua partida, chega à Roma, onde dali escreve seis Epístolas, que são: Efésios, Filipenses, Colossenses, Gálatas, Romanos e Filemom.
15. 4 - Quarta Viagem Missionária de Paulo.

Em Roma, Paulo esteve preso por cerca de dois anos, e durante três ou quatro anos em que esteve em liberdade, empreendeu sua quarta e última viagem missionária. Esteve em Nicápoles, no mar Adriático, onde a tradição afirma que Paulo foi preso e levado de volta para Roma, sendo ali martirizado no ano de 68 d.C.. Entretanto, o apóstolo teve 33 anos de ministério. A obra missionária era tão forte na vida de Paulo, que ele considerava como uma obrigação (ICo. 9. 16). Paulo apesar de morto, deixou-nos sua teologia imortal, o maior legado que a Igreja pode ter. Foi o autor de um dos maiores tratados de missões transculturais: "Como ouvirão, senão há quem pregue?E como pregarão, se não forem enviados?" (Romanos 10. 14-15). "Pois sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes, por isto, quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós, em Roma" (Romanos 1. 14-15).
Atividades de Apoio
Faça um resumo das quatro viagens missionárias do apóstolo Paulo, e descreva qual a lição que você extrai delas.
Atenção: Esta pesquisa, deve preencher por completo o espaço de uma folha de caderno, tamanho grande.
16 - Missões Transculturais.

Missões transculturais, trata-se de um movimento cristão, que atualmente é de alcance mundial.
O lema principal das missões transculturais é este: A missão primária das Igrejas é proclamar o evangelho de Cristo e implantar novas congregações no mundo inteiro.
16. 1 - Perspectiva Cultural.

O que é cultura? O primeiro passo num estudo de cultura, é dominar a sua própria cultura. Todo o mundo tem uma cultura. Ninguém consegue se elevar acima de sua própria cultura ou de outras culturas de modo a ter uma perspectiva verdadeiramente supracultural. Por esta razão o estudo da cultura é uma tarefa difícil.
A primeira coisa que um visitante recém chegado irá perceber é o "comportamento do povo", suas crenças, valores e educação. Deus deu ao homem um mandamento cultural, que impôs certo domínio, sobre o seu ambiente. Quando criou o homem e o seu ambiente, Deus declarou que tudo era "muito bom" (Gêneses 1. 26 -31). O mandamento evangélico (Mateus 28. 18 - 20) requer dos missionários que ensinem aos outros homens a observarem tudo o que Cristo ordenou.
Ao ensinarem sobre Cristo, os missionários afetam a cultura, pois todas as culturas necessitam de transformação. Portanto, como Calvino já havia insistido, os crentes devem trabalhar para tornar cristã a cultura (isto é, colocá-la debaixo de Cristo).
Dentro do conceito da vida não-cristã, os costumes e práticas servem como tendências idólatras e afastam a pessoa de Deus. Quando o missionário chega com o evangelho, a vida cristã recolhe esses costumes e práticas e lhes da um conteúdo inteiramente diferente. Ainda que na forma exterior haja muito que lembre práticas do passado, na verdade, tudo se fez novo. Na essência, o antigo já passou e o novo chegou.
Cristo toma em suas mãos a vida de um povo, renova e reconstrói o que estava distorcido e deteriorado. Ele mexe em cada detalhe, cada palavra, e cada prática, com um novo sentido, lhes dá uma nova direção.
Para muitos, erroneamente, "cultura" refere-se ao comportamento dos ricos e da elite, porém para os nossos propósitos, definiremos cultura como o sistema integrado de padrões de comportamento aprendidos, idéias e maneiras de se relacionar com o mundo. O missionário deve aprender a conviver essas diferenças transculturais, não apenas na forma pelo qual os povos comem, vestem-se, falam e agem, e nos seus valores e crenças, mas também nas presunções fundamentais que fazem sobre o seu mundo, para tentar ganhá-los para Cristo.
O apóstolo Paulo nos deu o maior exemplo transcultural, quando disse: "Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns" (ICo. 9.22). Paulo se fazia romano, para ganhar os romanos, se fazia grego, para ganhar os gregos, e assim sucessivamente.
16. 2 - Perspectiva Bíblica.

O cristianismo não tem o objetivo de padronizar o mundo e nem destruir as culturas, sua mensagem, porém, é universal.
No dia do triunfo de Cristo e da Igreja, cada povo ou etnia, se apresentará louvando a Deus, na sua própria língua (Ap. 5. 9) "E cantavam um novo cântico dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus, homens de toda tribo, e língua, e povo e nação".
17 - O respeito pelas outras culturas.

Não é preciso destruir a cultura de um povo, para levá-los a fé cristã, por que o cristianismo é transcultural.
Os missionários devem respeitar as culturas de um povo. Barnabé sabia que a tradição judaica era mais uma forma de manter a identidade nacional, e que isto em nada implicaria na salvação dos novos crentes, portanto, não seria necessário observar o ritual da Lei de Moisés. "Pelo que jugo, que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Mas escrevo-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado, e do sangue" (Atos 15. 19-20).
Convêm lembrar que a importação de inovações para as nossas Igrejas pode desrespeitar a nossa herança espiritual. Muitas coisas não servem para a nossa cultura, pois já temos a nossa identidade cultural, como igualmente, essa pode não servir para outras etnias pelas mesmas razões. O missionário enviado para outro país, precisa ser integrado a cultura daquele povo, e compete a Igreja do missionário, fazer com que ele conheça as instruções necessárias sobre os problemas transculturais, respeitando a cultura, a civilização de cada país. O missionário precisa ser instruído a ir cautelosamente, e zelosamente, aplicando a doutrina bíblica.
O respeito às autoridades de cada país é essencial. Um missionário clandestino está exposto a sofrer vergonha e envergonhar o nome da Igreja que o envia.
Um missionário é clandestino de duas maneiras:
Imigrando por conta própria, desordenadamente e sem respaldo de uma Igreja e de um ministério.
Sendo enviado por uma Igreja, mas sem a devida documentação imigratória e sem as instruções transculturais.
Portanto, a Igreja de origem do missionário precisa ficar atenta para não se comprometer vergonhosamente, e prejudicar o missionário enviado.
18 - O Exemplo do Apóstolo Paulo.

O apóstolo Paulo era um judeu rico e culto, que sacrificou as tradições de seus antepassados, deixando tudo para a salvação do maior número possível de almas (Filipenses 3. 5-8), pois considerava a salvação dos homens mais importante do que sua identificação cultural como judeu.
Todos os meios lícitos são válidos para conquistar os pecadores para o Reino de Deus. Paulo conhecia o mundo e sua geração, e soube conquistá-lo para Jesus.
Nestes últimos dias, vemos o Espírito Santo como grande estrategista de missões, despertando e mobilizando a sua Igreja para evangelizar todos os povos não alcançados. Podemos ver até mesmo pastores e líderes que não se importam muito por missões transculturais, ampliando sua visão, no sentido de cumprir, em caráter de urgência, a grande comissão dada por Jesus. Muitos desses pastores e líderes, a exemplo dos discípulos, só tinham uma visão de missões nacionais.
Mas graças a Deus, que pelo seu Espírito está mobilizando todo o mundo cristão, para abraçar todos os povos não alcançados ainda pelo evangelho.
19 - O Desafio da Obra Missionária Atual.

"Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia, pois, a noite vem, quando ninguém pode trabalhar" (João 9. 4).

19. 1 - Pessoas dispostas a cumprir o ide de Jesus.
A evangelização mundial é uma tarefa urgente. Trata-se de um trabalho de prazo limitado, que requer ação rápida, iminente e preciosa, temos que encher o mundo com a Palavra da Fé, antes da "meia noite". Este é um trabalho que não pode ser adiado, sob qualquer pretexto. Evangelização é o mais importante e requer urgência, mais que qualquer outra missão da Igreja. Cada servo de Deus deve compenetrar-se de sua própria responsabilidade. Hoje, pense no que você pode fazer, no que você pode realizar para contribuir com a obra missionária.
O desafio da obra missionária é urgente, por que as portas estão se fechando. Cada dia mais os obstáculos estão surgindo, tentando impedir a divulgação do evangelho, vejamos o que disse Jesus: "E por aumentar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará" (Mt. 24. 12). Enquanto o pecado aumenta, o amor de muitos vai esfriando, o desinteresse em fazer a obra de Deus tem ganhado espaço no meio do povo de Deus, a exemplo disso, estão os "cultos ao ar livre" que estão desaparecendo, cultos que outrora foram instrumentos de Deus, para que muitas almas se convertessem ao Senhor Jesus Cristo, vejamos ainda a freqüência dos cristãos nas congregações, nos cultos de ensino, de oração, etc.
Um dos desafios da Igreja Atual para não parar de evangelizar, é não deixar o amor de Deus esfriar. Glorificamos a Deus, porque Jesus disse que o amor de muitos esfriaria, mas Ele não disse de todos, isso é sinal que haverá um grupo de cristãos que permanecerá com a chama do amor de Deus acesa em seus corações. Leiamos Efésios 5.14 -17. "Qual é a vontade do Senhor?" é a pergunta, a resposta está em II Pedro 3. 9. O Senhor não quer que ninguém se perca, mas que todos venham se arrepender.
Paulo pediu oração a várias Igrejas para que as portas se mantivessem abertas. A Igreja do Senhor necessita possuir visão espiritual para desenvolver um arrojado programa evangelístico, enquanto é possível.
Muitas vezes nos deparamos com cristãos, criticando as TJs (testemunhas de Jeová), mas eles não desistem, estão sempre de portão em portão, vendendo suas literaturas e pregando aquilo que aprenderam, é bem verdade que ensinam a Palavra de Deus distorcida, entretanto, nunca desistem. Temos também, os Mórmons, que gastam seus sapatos, andando de um lado para o outro, pregando aquilo que entenderam ser o evangelho de Cristo. De alguma forma, estão obedecendo algum "IDE", e nós, qual "IDE" estamos obedecendo? Jesus disse: "Se estes se calarem, até as pedras clamarão" (Lc. 19. 40). Quem são estes? São os que vêem as obras de Deus, seus milagres, tem o conhecimento da verdade, provaram as delicias da salvação, mas nada fazem para que outros se juntem a esse banquete de bênçãos, estão de braços cruzados e vendo o tempo passar, então se esses abençoados (nós), se calarem, as pedras (aqueles que criticamos), irão clamar.
Uma jumenta "missionária" por um dia - A frase parece assustadora, mas quando lemos o texto de Números 22. 28-33 não é tão assustadora assim, porque um dia, na história bíblica, Deus já usou uma jumenta para salvar uma vida, a do profeta mercenário Balaão.
Mas é lamentável que nos nossos dias alguém de pouco entendimento, quer fazer disso uma pregação, dando ênfase ao fato de que Deus "usa" até mesmo uma jumenta, mas isso não é honroso para nós, pois Deus tem seus vasos escolhidos para falar sua Palavra, e somos nós, pois já somos salvos, pescadores de homens (Mc. 1.17). Deus já usou de vários meios para realizar sua obra, num momento de urgência Deus usou:
Uma jumenta para livrar Balaão da morte (Nu. 22. 28).
Uma menina para salvar um grande general (IIRs. 5.2-3).
Um grande peixe, para transportar o missionário fujão (Jn. 1. 17).
Um tronco de uma árvore, para adoçar as águas (Ex. 15. 25).
Usou o sal para purificar o manancial das águas (IIRs. 2. 19-22).
Deus usa aquilo que estiver a mão, quando e como Ele quer. Hoje, porém, não é honroso pregar que Deus usa uma jumenta, mas que possamos dizer como disse Isaías o profeta: "Eis me aqui, envia-me a mim" (Is. 6. 8).
19. 2 - Pessoas dispostas a orar pela obra Missionária.

"Rogai ao Senhor da seara, que mande obreiros para sua seara" (Lc. 10. 2).

"Rogai", nessa palavra está explícita a necessidade de oração, a obra da evangelização é urgente e nos obriga a orar. Temos de ir aos pés do Senhor, a fim de clamar por obreiros de valor.
Ninguém pode destruir, a obra construída com jejum, lágrimas e oração. Na oração sentimos qual a vontade de Deus para este mundo. Deixar de lado o compromisso da oração, é abandonar um tesouro incomparável que Deus tem posto a nossa disposição.
Devemos orar para recebermos a capacitação de Deus necessária a fim de sairmos para o campo missionário, e sem essa preparação prévia, ou seja, aqueles que saem de qualquer maneira, correram um o risco de fracassarem em sua missão.
Foi a oração que sustentou os obreiros da Igreja primitiva, ela deu força, coragem e direção a eles. "E tendo eles orado, moveu-se o lugar onde eles estavam reunidos e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a Palavra de Deus" (Atos 4. 31).
A Igreja orou e Pedro foi liberto milagrosamente da prisão (Atos 12. 5-12). Somente através da oração, os obreiros são sustentados na "luta" ministerial e missionário. O apóstolo Paulo conhecia o poder da oração quando disse à Igreja de Colossos: "Perseverai em oração... orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da Palavra, a fim de falarmos do ministério de Cristo, pelo que estou também preso" (Colossenses 4. 2-3).
19. 3 - Pessoas dispostas a contribuir para obra Missionária.


"Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiram com todos, segundo cada um tinha necessidade" (Atos 2. 45).

Muitos cristãos primitivos venderam as suas propriedades e entregaram o valor correspondente aos apóstolos, em beneficio da obra missionária. Como prova disso lemos a passagem bíblica que registra: "Então José, cognominado pelos apóstolos, Barnabé (que traduzido, é filhos da consolação), levita, natural de Cripre, possuidor de uma herdade, vendeu-a e trouxe o preço e depositou aos pés dos apóstolos" (Atos 4. 36-37).
Oswald Smith, um dos maiores enviadores de missionário do século XX, conhecido por muitos como "Sr. Missões", disse a célebre frase: "A Igreja que não faz missões, breve deixará de ser evangélica". Atualmente, sua Igreja em Toronto, no Canadá, sustenta quase mil missionários em todo mundo, com um orçamento milionário de mais de dois milhões de dólares anuais. O trabalho agora, é liderado pelo seu filho, que o sucedeu, após sua partida para estar com o Senhor das missões.
Não existe outro motivo para a Igreja ainda existir na terra, que não seja missões. É responsabilidade da Igreja local, o ensino e o sustento do missionário no campo.
Foi o próprio Deus, quem estabeleceu que o crente contribuísse, para que o seu povo tenha os recursos suficientes para a expansão do evangelho e manutenção da obra do Senhor.
O Pastor Deiró de Andrade (Pr. de uma Igreja missionária, no Estado de São Paulo), ao apresentar à Igreja as conquistas do campo missionário, tais como: terrenos, prédios e o próprio envio de obreiros para missão, sempre faz a seguinte pergunta: "Os irmão sabem como foi que conseguimos isso?" E em alto e bom som, toda Igreja responde: "Com os nossos dízimos e ofertas".
Entretanto, se você não pode ir, pode contribuir para que o Reino do Mestre Jesus cresça e se fortaleça na face da terra, e para que outros possam ir em seu lugar.

20 - A Chamado do Missionário e seu Preparo.

"Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angustia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?"

Uma coisa primordial na vida do missionário, deve ser a convicção de sua chamada, para realizar a obra de Deus, caso contrário, na hora da adversidade, irá recuar, pois as batalhas no campo missionário são grandes, e quase sempre não há amigos com quem contar.
Vejamos, a convicção do apóstolo Paulo: "Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para Apóstolo, separado para o Evangelho de Deus" (Romanos 1. 1).
Se o missionário tem a certeza que é servo, chamado e separado, certamente alcançará seu objetivo evangelístico e o nome do Senhor será glorificado.
Vejamos o que diz o Bispo Dr. Manoel Ferreira, sobre o preparo missionário: além de outras necessidades, pesa sobre o missionário a necessidade de mais espiritualidade no campo. O missionário pensa que no campo onde cumpre sua missão, pode orar tanto quanto orava onde antes cooperava. Em sua Igreja, ele contava com o companheirismo dos colegas de ministério, sob a orientação de seu presidente. Era uma equipe unida e vitoriosa! Mas agora o obreiro está sozinho, e as lutas são constantes e bem maiores. É preciso muito mais oração e muito mais poder de Deus, se assim não for, o missionário não conseguirá êxito em sua missão (livro: Reflexões e desafios para o Terceiro Milênio).
Missionário é aquele que foi especificamente chamado por Deus. Em Atos 9.15 vemos o exemplo de Paulo quando Deus disse: "Disse-lhe porém, o Senhor: Vai por que este é para mim, vaso escolhido...". Além de ser chamado, deve receber um preparo, ou seja, passar por um estágio e ser aprovado. A igreja local deve ter uma equipe de treinamento, com o objetivo de selecionar, treinar e habilitar candidatos ao campo missionário, e estabelecer alvos e estratégias definidas. Ninguém melhor que a igreja local para reconhecer e identificar uma pessoa chamada para missões.
Um homem enviado ao campo, não pode ser neófito, ou seja, sem experiência (ITm. 6.3).
Quando Davi compareceu diante de Saul e se propôs a lutar contra o gigante Golias, ele não era só um jovem, era muito mais, as experiências do sol causticante e das noites frias que passou, quando cuidava das ovelhas de seu pai, lhe trouxeram experiências corajosas, que agora estavam lhe servindo, para enfrentar o gigante, veja o que ele mesmo disse em I Samuel 17.32 - 37 portanto é fundamental a chamada, e a preparação, antes de ser enviado um missionário ao campo de "batalha".
21 - As Responsabilidades da Igreja que envia.

A Igreja que envia o missionário, tem que estar bem orientada sobre a obra missionária, quais seus deveres como Igreja, e que privilégios a aguardam como enviadora e promotora de missões.
A Igreja é a primeira a aparecer no cenário da missão, pois é dentro dela que o surge o missionário. É a igreja que o envia.
''Enviar" significa colocar dentro da obra ou da comunhão, assumir e pagar o preço da responsabilidade do envio.
A Igreja é responsável por conhecer o missionário que envia. É seu dever saber quem ele é, conhecer seus defeitos e virtudes, aspectos negativos e positivos. Quando o missionário comete tolices em seu campo de trabalho, culpa-se primeiramente à igreja que o enviou e que está por detrás dele.
A Igreja é responsável em manter o missionário que envia. É preciso mantê-lo financeiramente. Um homem com uma família ás custas, sem casa, sem comida, sem roupa, sem remédio, sem dinheiro, sem saúde, enfim, sem respaldo financeiro, não conseguirá trabalhar.
A Igreja precisa manter o missionário socialmente. O missionário enviado pela Igreja é mantido por suas contribuições, através da secretaria de missões, ofertas, dízimos etc. É de suma importância que a Igreja incentive os crentes a contribuírem para a obra missionária. Uma Igreja que envia e mantém missionários, é uma Igreja que está constantemente debaixo da benção de Deus, e está sendo fiel à razão de sua obra e existência. "Portanto ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt. 28.19). A Igreja existe por causa da necessidade da salvação de todas as nações, caso ela não cumpra sua missão, ela perderá a razão de sua existência.
22 - A Responsabilidade do Missionário que vai.

Já falamos sobre as responsabilidades da Igreja que envia, falaremos agora, da responsabilidade do missionário que vai. Pois o mesmo vai representando a Igreja, e suas ações refletem o nome dela. Por esse motivo, ele não pode fazer o que quer ou o que pensa, tem o nome a zelar, pois toda Igreja pode ser atingida pela boa ou má fama do tal missionário. A igreja jamais pode enviar ao campo o obreiro com experiência de rebeldia. O homem de Deus deve ser pacífico e pacificador, respeitando a Igreja que o enviou, bem como as existentes na cidade ou país para onde o mesmo foi enviado. Fazemos o que diz a Palavra de Deus: "Não dando nós escândalos, em coisa alguma, para que o nosso Ministério não seja censurado" (2Co. 6. 3). Ele deve ter a consciência que seus atos podem exaltar ou denegrir a Igreja de Cristo, daí a necessidade de se preparar o obreiro, antes de seu envio ao campo.
23 - Quando Vem a Perseguição.

"Tenho vos dito isso, para que em mim tenhais paz, no mundo tereis aflições, mais tendes bom ânimo, eu venci o mundo" (João 16. 33).

Entre muitas coisas, com as quais o missionário tem que se preocupar, não deve esquecer-se, do alerta que faz o Senhor Jesus. Aflições e perseguições, sempre surgem no campo de baralha.
A perseguição é uma das armas que satanás usa na tentativa de impedir a proclamação da Palavra de Deus. O próprio Jesus disse, que somos perseguidos, porque não somos deste mundo (João 15. 18). Paulo enfrentou perseguições em suas viagens missionárias, mesmo assim, ele fundou Igrejas na Ásia Menor e Europa, ora, se ele enfrentou tal situação, nós, na atualidade, também enfrentaremos. Precisamos aprender com ele, se você deseja ir ao campo missionário, tenha convicção, prepare-se e vá, mas vá consciente das lutas e perseguições que virão, não só por parte do diabo, mas também por outros, até daqueles que se dizem cristãos. Sobre os falsos irmãos, Paulo falou: "Em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos" (2Co. 11. 26). Certamente, tendo consciência dessas provações que virão, o missionário conseguirá amar mesmo não sendo amado, conseguirá perdoar como Cristo perdoou, mas lembre-se, você não esta só, o próprio Jesus disse: "... e eis que estou convosco até a consumação dos séculos" (Mt. 28. 20), Deus se responsabiliza por aquele que Ele envia, por isso o apóstolo Paulo podia dizer: "Mas em todas essas coisas, somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou" (Romanos 8. 37). O medo das lutas e provações no campo da missão, tem apagado a chama no coração de muita gente, mas os que permanecerem firmes e cumprirem o Ide de Cristo, terá grandes recompensas, vejamos: "Os que semeiam em lagrimas, segaram com alegria. Aquele que leva a preciosa semente andando e chorando, voltará, sem duvida, com alegria, trazendo consigo os seu molhos (Sl. 126. 5-6).
A Bíblia diz que pela fé, Abraão sendo chamado obedeceu (Hb. 11. 8), os que obedecem o chamado de Deus, estão debaixo dos cuidados dEle. Deus chama, capacita, envia, e cuida. As lutas e perseguições, são, muitas vezes, "instrumentos" que Deus usa para levar seus servos para o lugar da benção. As provações que o povo de Deus passou no Egito, fez com que os mesmos clamassem por livramento, e Deus os livrou e os colocou numa terra que mana leite e mel. Se Deus não permitisse aquela perseguição contra os primeiros discípulos em Jerusalém, a Igreja estaria limitada, só em Jerusalém até hoje, mas vindo as perseguições, saíram e foram por todas as partes do mundo, anunciando a Palavra de Deus. Entretanto, não devemos olhar só para as lutas, mas também para a recompensa. (Hb. 11. 26).
24 - Nunca diga não para missão.

Quando Deus nos chama, ele nos capacita para sua obra, entretanto Ele jamais aceitará um não como resposta. A palavra nos ensina que Jonas foi designado para uma missão, Entretanto, disse não para Deus, não disse verbalmente, mas sua atitude falou por ele.
Vejamos que Tarso ficava no sentido oposto de Nínive, assim Jonas toma rumo contrário a sua missão. A pergunta que paira ao ar é: "Porque Jonas disse não?" Faltaram a Jonas três qualidades fundamentais que o missionário precisa ter.
Obediência - se Jonas tivesse obedecido, não questionaria a Deus, simplesmente obedeceria. Vejamos o caso de outro missionário, Abraão (Gn. 12. 1), sem se quer saber para onde iria, obedeceu a voz de Deus, o chamado missionário.
Coragem - Segundo a tradição, os Ninivitas, tempos atrás, teriam invadido as terras dos judeus, saqueado seus bens e matado seus homens e nesta lista de perdas estavam os irmãos de Jonas. Não foi apenas um sentimento egocêntrico, mas sim o medo, e a falta de coragem o fizeram dizer não.
Amor - Este é sem dúvida, o sentimento que deve palpitar no coração do missionário. Se Jonas tivesse amor por aquelas vidas, sem sombra de dúvida, ele teria rompido todas e quaisquer barreiras, á sua frente, e teria dito sim para sua missão.
Nós, missionários da última hora, precisamos nos encher do amor de Deus, para amarmos também nossos semelhantes, sem esquecer de que estamos diante de um Deus que nos chamou para sua obra, nos capacitou com seu Espírito Santo e já nos designou o campo de trabalho, portanto, jamais aceitará um não como resposta.
25 - Qualificações do Missionário.

Mencionamos abaixo algumas condições necessárias para ser um próspero ganhador de almas:
Ser convertido
"...E tu, quando te converteres confirma a teus irmãos" (Lc. 22. 32).
"...E grande número creu e se converteu..." (At. 11. 21).
Ter bom testemunho
"...Convém que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo" (1Tm. 3.7).
Ter conhecimento da palavra de Deus
"... Então Felipe, abrindo sua boca, e começando nesta escritura, lhe anunciou a Jesus" (At. 8. 35). "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneje bem a palavra da verdade" (1Tm. 2.15).
Viver o que prega - "Tu pois que ensina a outro, não te ensinas a ti mesmo ..." (Rm. 2. 21-22).
Ser irrepreensível para não ficar reprovado - "Antes subjugo o meu corpo e o reduzo a servidão, para que pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira ficar reprovado" (1 Co. 9. 27 / Pv. 25. 26).
Ser exemplo para ganhar almas sem pregar - "Pelo porte de suas mulheres sejam os maridos ganhos sem palavras" (1 Pe. 3. 1-2).
Exemplos:
Elizeu -"...Eis que tenho observado que este homem que passa sempre por nós é um santo homem de Deus" (2 Rs. 4. 9).
Abraão -"...Príncipe de Deus és no meio de nós" (Gn. 23. 6). Pelo seu porte, o crente exercerá influencia sobre os que estão ao redor, pois passa a ser respeitado.
Herodes - "temia a João, sabendo que era varão justo e santo ..." (Mc. 6. 20).
Ter sabedoria
"...O que ganha almas sábio é" (Pv. 11. 30).
Ser crente de oração
"Orar sem nunca desfalecer" (Lc. 18. 1).
26 - Evangelismo Pessoal.

Maneiras de levar as almas a decisão
Este é o ponto decisivo e que requer do crente um cuidado especial. Não é suficiente apenas falar, mas insistir na aceitação de Cristo. O ganhador de almas deve proceder da seguinte forma:
Escolher com quem deseja falar - Para isto é indispensável a direção do Espírito Santo.
Decidir a maneira de falar - Se em particular (At. 18. 26), ou publicamente (At. 20. 20), se com cortesia (2 Tm. 2. 24-25), ou com exortação (At. 2. 40).
Falar sempre - Com vida de oração (Ef. 6. 18-20). Sem pressa demasiada (Pv. 29. 20 / Is. 28. 16). De maneira que a pessoa possa entender (Mt. 13. 19 / 1Co. 2. 14).
Mostrar que - O homem é pecador (Rm. 3. 23 / Is. 64. 6). Pelo pecado o homem está condenado (João 3. 18 / Rm. 6. 23). Deus enviou Jesus para salvar o pecador (João 3. 16-17). As boas obras não podem salvar (Gl. 2. 16 / Rm. 3. 20). Só Jesus pode salvar (João 5. 24 / Mt. 1. 21). A vida eterna está em Jesus (1João 5. 11-20).
Falar com convicção, que o homem que crer é perdoado - (Is. 43. 25 / Sl. 10. 3 -12 / 1Tm. 1. 15).
Incutir a certeza da salvação - (At. 10. 43 / João 5. 24 / João 10. 28 - 30).
Finalmente, com muita sabedoria de Deus, convidar a pessoa a aceitar Jesus como salvador, e ao mesmo tempo: Ficar orando em espírito. Esperar que a semente germine (Tg. 5. 7). Vigiar (Mt. 13.19).
Caso a pessoa aceite Jesus, orar com ela apresentando-a ao Senhor - Às vezes, as circunstâncias ou o local podem não permitir uma oração em voz audível. Nesse caso deve-se orar em voz baixa ou em espírito, pois o valor é o mesmo.
Caso a pessoa não aceite Jesus, proceder de tal modo que a porta fique aberta - É sempre bom verificar se a causa de a pessoa não aceitar Jesus não foi falha nossa. Contudo, não se deixar abater, mas prosseguir na importante tarefa, pois pode ser que a semente germine noutra ocasião (Ec. 11. 1- 6).
Nota: Evangelismo Pessoal - Manual de evangelismo – Pr. Valdir Biscego
27 - Cronologia Histórica das Igrejas Evangélicas no Brasil.

Veremos agora, um panorama histórico simples das principais Igrejas no Brasil, somente para percebermos o que é o fruto de missões estrangeiras e a dívida que temos com as nações que outrora investiram em missões, em nossa pátria.
1855 - Roberto Kalley - médico escocês, chega ao Brasil e funda no Rio de Janeiro a Igreja Evangélica Fluminense, segundo a ordem Congregacional. Roberto Kalley é o exemplo do missionário "fabricante de tendas".
1859 - A. G. Simonton - chega ao Rio de Janeiro e inicia a Igreja Presbiteriana no Brasil.
1881 - W. B. Bagby - chega em terra brasileira e inicia o trabalho Batista.
1876 - J. S. Newmam e Jonh J. Ranson - conseguiram estabelecer a Igreja Metodista em nossa nação depois de muitas tentativas frustradas.
1911 - Funda-se a maior Igreja Pentecostal de todos os tempos, Assembléia de Deus, pelos missionários Daniel Berg e Gunnan Vigren. Hoje a referida Igreja, já passa de 16 milhões de membros, isso só no Brasil.
1946 - Harold Edwin - chega ao Brasil, funda a Igreja do Evangelho Quadrangular.
Poderíamos citar muitas outras Igrejas aqui, porém foi dada prioridade às Igrejas que foram fundadas através de missionários estrangeiros. Igrejas como: O Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Deus é amor, Igreja Internacional da Graça de Deus, etc. Foram Igrejas fundadas por missionários nacionais, que inegavelmente foram chamados para desenvolver o seu trabalho, movidos por uma visão de missões nacionais e, posteriormente transculturais. Já temos notícia do que essas Igrejas estão fazendo além das fronteiras.
O nosso objetivo é conscientizar todos os cristãos brasileiros da dívida que temos com missão transcultural. Por exemplo, se A. G. Simonton, não fosse enviado para o Brasil, existiriam os presbiterianos em terras brasileiras? E se Daniel Berg e seu companheiro Gunnan Vigren não fossem enviados a nossa nação, existiria, hoje, este movimento pentecostal no Brasil, chamado Assembléia de Deus? E assim vale também aos demais missionários enviados de lá para cá, e fincaram aqui no Brasil, a bandeira do evangelho de Cristo e representaram suas respectivas Igrejas. Fica isso para nossa reflexão.
28 - O que Eles Disseram Sobre Missões.

Willam Carey -"Eu vou descer, mas vocês não se esqueçam de que devem segurar bem as cordas".

Adoniran Judson - "Muitos crentes consagrados jamais atingirão os campos missionários com seus próprios pés, mas poderão alcançá-los com os joelhos".
Dick Hills - "Cada coração com Cristo é um missionário, e cada coração sem Cristo, é um campo missionário".

Willam Carey - "Na mente Divina não há distinção entre missões estrangeiras ou missões nacionais. Onde houver uma alma perdida, ai está um campo missionário".
Conde Zinderdorf - "A região do mundo que mais precisa do evangelho passa a ser, doravante, o meu país".

Johannes Blaun - "Enquanto houver neste mundo homens em trevas, sem Deus e sem misericórdia, há de prevalecer a tarefa missionária da Igreja Cristã".
Osvald Smith - "Oramos sempre; "Venha o teu Reino". Mas nunca dizemos: "Envia-me a mim".

Hendrick Kraemer - ”O momento do nascimento da Igreja, no pentecostes, foi também o instante em que tarefa missionária nasceu. A descida do Espírito Santo fez dois discípulos apóstolos, isto é missionários".

Adams Brown - O único, entre os doze apóstolos que não se tornou missionário, veio a ser o traidor".

Walter Knkght - "Quando Jesus disse: "Vinde", Ele vem nos encontrar. Quando Ele diz: "Ide", Ele vai conosco".

Here - "O melhor remédio para uma Igreja enferma, é colocá-la em uma dieta missionária".

Hudson Taylor - "Se Deus o deseja trabalhando nos campos missionários, nem seu dinheiro, nem suas orações, jamais poderão ser substitutos aceitáveis".















TIPOLOGIA BÍBLICA

Por: Pr. Valter José G. da Silva

Bacharel em Teologia Pela Faculdade FAIFA.
Bacharel em Teologia Pelo Seminário Maior de Ensino Teológico do Pantanal (IBA).
Autor dos Livros: Teologia da Liderança Cristã – Teologia do Jejum e da Oração – Discipulado – Homilética, (SETEFA) – Manual de Mensagens – O que são Mensagens Subliminares – Filho de Pastor.


1 – Uma Visão Panorâmica do Assunto

A tipologia é o estudo de figuras e símbolos bíblicos, especialmente de cerimônias e ordenanças do Antigo Testamento, que prefiguram a Dispensação da Graça: “as cousas celestes”.
Um tipo é uma semelhança divinamente ordenada, pela qual as pessoas, objetos e eventos celestiais são demostrados pelo terrestre. Porém, para que uma coisa constitua tipo de outra, a primeira não só deve ter uma semelhança à segunda, mas na sua instituição original, deve ter sido determinado que tivesse esta semelhança (Marsh). “É aquilo que produz fé como modelo, como símbolo e exemplar”.
Um antítipo é aquela coisa celestial ou realidade prefigurada pelo tipo. “É uma figura que representa outra”.

2 - Tipos

2. 1 - Três coisas envolvidas num tipo:
· Uma coisa ou objeto material que representa uma outra de ordem elevada.
· Esta coisa de ordem elevada representa o que passamos a chamar de antítipo ou realidade.
· A obra do tipo se expressa pelo termo “representar ou prefigurar”.

2. 2 - Declarações bíblicas quanto à natureza dum tipo:
· Sombra (Cl. 2:16 -17).
· Modelo, exemplo (Hb. 8:4-5).
· Sinal (Mt. 12:39).
· Parábola, alegoria (Hb. 9:9).
· Tipo (Rm. 5:14).

2. 3 - Provas bíblicas dum tipo:
· Por declarações explícitas (Rm. 5:14)
· Por trocar os nomes do tipo e antítipo; Adão (primeiro e segundo). I Co. 15:45; Páscoa (cordeiro - Cristo) Êx. 12; I Co 5:7.

2. 4 - Espécies de Tipos:
Pessoas:
· Antes da lei-Adão, Enoque, Melquisedeque (Rm. 5:14-19).
· Sob a lei – Davi, Moisés (profeta mediador) Ap. 3:7 / Hb. 3:5.

Coisas ou objetos materiais:
· Coluna de nuvem (Êx. 13:21).
· Maná (Êx. 16:15 / I Co.10:3).
· A rocha (Êx. 17:6 / I Co. 10:4).
· A serpente de metal (Nm. 21: 9 / Jo. 3:14 / II Co. 5:2).

Atos e acontecimentos
· A libertação do Egito.
· A marcha pelo deserto.

3 - Tipos perpétuos
· Circuncisão - Tipo da verdadeira circuncisão do coração (Cl. 2:11).
· Sacrifícios - Tipo de Cristo, o perfeito e eterno sacrifício (Hb. 9:26).
· Ritos e cerimonias.

4 - Valor dos tipos

Agostinho disse: “O Novo Testamento acha-se no Antigo. O Antigo pelo Novo é explicado”.
Serve para ensinar (ICo.10:11).
A igreja prefigurada (Gn.2:24); (Eva) (Ef. 5:22-32).
Fortalece convicção na inspiração das escrituras.
Fortalece convicção nas profecias.
Fortalece a santidade (ICo.1:6-13).

5 - Razões para estudar os Tipos

Deus deu valor - O Espírito Santo desenhou os tipos. Compare: O Tabernáculo, o véu, tipo de Cristo. “O Espirito Santo, significando com isto que o caminho do Santo lugar não se tem manifestado, enquanto subsiste o primeiro Tabernáculo” (Hb. 9:8; comp. 6:19-20).
Jesus falou dos tipos - Aos dois discípulos (Lc. 24:13-34).
Só pelos tipos se entendem certos trechos do N.T.
Sombras, Sangue, o tabernáculo, sacrifícios, festas.

6 - O Tabernáculo


6. 1 - Títulos dados ao Tabernáculo

Santuário – Êx. 25:8-9. Chama a atenção ao caráter deste como lugar santo, o palácio do Grande Rei.
Tenda – Êx. 40:2 / 39:33- 43.
Tenda da Revelação - Nm. 18:4. Centro de Culto.
Tenda do Testemunho – Nm. 9:15. Refere-se à arca onde estava a lei, o testemunho. Êx. 25:15. Santidade, culpa do homem e eficiência da expiação.
Casa de Deus – (Jz. 18:31). Foi chamado, assim, na terra de Canãa.
Templo do Senhor – 1Sm. 3:3. O tabernáculo, nessa ocasião, talvez já fosse maior.
Santuário Terrestre – Hb. 9:1. Pertencia à Dispensação das cerimônias. Um tipo de Jesus.

6. 2 - A Morada de Deus com o Homem.
Que Deus deseja morar com seu povo, se vê pelo fato de que, no Jardim do Éden, depois de interrompida a comunhão com o homem por causa do pecado, ele imediatamente começou a revelar um plano, que visasse a sua restauração. Esta revelação aumenta em beleza, gloria e intimidade desde o Gênesis ao Apocalipse.

7 - Tipo de Jesus

“Far-me-ão um santuário para que eu habite no meio deles. Seguindo em tudo o que eu te mostrar, o modelo do tabernáculo, e o modelo de todos os seus móveis, assim mesmo farás” (Êx. 25: 8-9). Nesta passagem vemos:

1. A graça – Deus consentir que se faça um tabernáculo.
2. A ordem – Tudo deveria ser feito segundo o plano, por Deus estabelecido.

Adão foi a primeira morada de Deus na terra, e veio a falhar. O descanso de Deus ficou interrompido. O plano de Deus é imutável, por conseguinte mandou seu Filho, segundo Adão. A graça e a ordem aqui reveladas mostram Jesus. O Tabernáculo é o tipo de Jesus. Aquele que era Deus (João 1.1), se fez carne (João 1.14), por própria vontade. Ele habitou entre os homens. Tomou sobre si a natureza humana, mas permanecia o Filho de Deus, igual a Deus em substância (Jo. 1.14 / Jo. 1.34 /Jo. 1.49 / Cl. 1.19).
A plenitude de Deus morava em Jesus (majestade, poder e personalidade). Comp. Jo. 14:9 / 3:34 / 1:18 / Tm. 3:16 / Hb. 1:3 / Tt. 2:3 / Rm. 9:5 / Jo. 5:20. Assim em Cristo, o descanso de Deus é restaurado (Hb. 8:1). Descanso da redenção. Cristo é o verdadeiro Tabernáculo.

8 - A nuvem (Êxodo 40: 33-38).

A nuvem cobria o Tabernáculo e quando se mudou, Israel mudou-se com ela.

8. 1 - Guia do Povo (Êx.13:20-22). Qual pastor de Israel. Israel, primeiramente recebeu redenção na noite da Páscoa. Depois recebeu direção (Êx.12:12-13, 41-42. Compare IPe.1:18-19 / Gl. 1:4 / Pe. 3:18 / Cl. 1:12-13).
Tal qual Israel, depois da sua libertação do Egito, a igreja também é povo peregrino que precisa do Espírito Santo.

Deus dirige o crente:
Pela palavra - Sl. 119:105.
Pelo Espírito – Jo. 16:13-15.

8. 2 - O Símbolo do Espírito Santo - Prometido por Jesus Jo. 14:16-18 / Mt. 28:20, veio no dia de Pentecostes (At. 2:3).
Como o Pai criou tudo através do Filho (Hb 1:2), e como na terra o Filho manifestou o Pai. Assim, durante esta Dispensação, o Espírito Santo manifesta o Filho (Jo.16:13-15). Depois de receber a plenitude do Espírito Santo (At. 2.38), é o Espírito Santo que separa o crente do descrente (I Co. 6:19; comp. Êx. 14.19-20 / I Co. 3.14), como fez a nuvem entre Israel e os egípcios (ICo. 10:1).
8. 3 - O Escudo do Povo - Operava contra o poder do Faraó, Êx. 14.19-20. Paulo exortou a Igreja a revestir-se do escudo da fé (Ef. 6.16 / Pv. 19.10). O nome do Senhor é uma torre segura.
8. 4 - Sombra para o Povo (Nm.10: 34 / 14.4 / Sl.105:39). É um tipo de Jesus que nos protege dos fortes raios de sol das perseguições e tentações (Ct. 2.3).
8. 5 - O Oráculo Divino - Israel não se mudava, enquanto a nuvem não mudasse (Nm. 9:17-23 / Êx.29: 43-46). Assim a Igreja precisa reconhecer absoluta autoridade do Espírito Santo (Zc. 4:16).

8. 6 - O Aparecimento da Nuvem
No Mar Vermelho.
No Tabernáculo.
No Templo de Salomão (IICr. 7:1-3 / Sl. 99:7).
Em Jesus, no Monte da Transfiguração (Lc. 9:34).
Na Ascensão de Jesus – pela última vez (At.1:9).
Futuramente (Is. 4:5-6). No Milênio (Is. 40:5 / 60:19).

9 - As Cortinas do Átrio

A descrição do Tabernáculo, no livro de Êxodo, inicia-se com a arca do Santo dos Santos, terminando com o altar de sacrifícios. A fim de esclarecer o assunto com a arca.
O pátio era um espaço ao redor do Tabernáculo, mais ou menos de 50 metros por 25. Era fechado por cortinas feitas de linho retorcido, suspensas sobre 60 colunas, 20 em cada lado e 10 nas extremidades. As 4 colunas do lado oriental formavam a entrada, estas 4 colunas falavam da universidade (quatro direções) do Evangelho, e a entrada é plena para o povo de Deus.

9. 1 - As Vergas e Ganchos das Colunas (Êx. 27:17).

Feitas de prata – símbolo de redenção (Êx. 30:11-16). O preço do resgate foi meio siclo de prata. Estes ganchos seguravam e davam estabilidade às cortinas. Sem estes teriam caído. Assim, sem a expiação e a redenção de Cristo, o cristianismo não poderia existir.

9. 2 - Os Capitéis das Colunas – Eram ornamentos feitos de prata. Pela redenção em Cristo Jesus, as nossas vidas recebem os ornamentos do Espírito, a graça, e as virtudes de Cristo. Como é bom ter o ornamento dum espírito manso e tranqüilo, que é de grande estima diante de Deus (I Pe. 3:4).
9. 3 - As Bases e as Colunas de Metal – Estas sustentam as cortinas. O metal representa o Juízo (Nm. 21.9; Ap. 1.15). É substância que resiste ao fogo, símbolo do Juízo Divino (Is. 29.6 / 30.30; 60:15). O suporte deste juízo não é a autojustiça do homem (Is. 64:6), mas sim, a justiça de Cristo (Rm. 3:22).

10 - A Entrada do Átrio

Havia somente uma entrada. Isso nos diz que: “Não há salvação em nenhum outro, porque abaixo do céu não há outro nome dado entre os homens, em que devemos ser salvos” (Atos 4:12).
A largura: Vinte côvados (mais ou menos 10 metros). Suficientes para todos. Representa Cristo, a Porta. Os 4 Evangelhos assim, apresentam Jesus (Jo. 10: 1-9).
As Cortinas: Feitas de linho fino, retorcido, de estofo azul, púrpura e escarlate. Tipos da justiça, pureza e natureza celestial de Jesus Cristo.

11 - O Altar do Holocausto (Êx. 27:1-8 / 38:1-7 / 39:33 / 40:6-29 / 30:28).


Significa um “Lugar elevado”. A primeira coisa que se via depois de entrar no Átrio era o altar de holocausto. Sem trazer um sacrifício pelo pecado para oferecer sobre este altar, não se alcançava nenhuma aceitação com Deus.
Este altar é um tipo de Cristo na cruz, levantado, da mesma maneira, e, com o mesmo propósito, em que Moisés levantou a serpente no deserto.
1 - Israel foi levantado com Deus, pelo sacrifício neste altar. Assim, também nós fomos elevados a comunhão com Deus, pelo sacrifício de Jesus Cristo.
2 - O Sacrifício subia na fumaça. Um suave cheiro que agradava Deus (Lv.1:9). Jesus ofereceu-se como sacrifício (Ef.5:2).

11. 1 - Propósito do Altar

Aqui, o inocente levou sobre si a punição do culpado. Da mesma maneira, Cristo levou, em seu corpo, no madeiro, os nossos pecados.
Aqui, Jeová se encontrou com Israel; na cruz de Cristo, encontramo-nos com Deus (At. 2:33), “sendo este entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o” (Hb. 9:26-28).

Nenhum israelita poderia receber absolvição cerimonial sem oferecer a sua oferta, impondo a sua mão sobre a cabeça do animal, reconhecendo o valor da sua morte. Da mesma forma o homem tem privilégio de demonstrar fé na Vítima da Cruz, Cristo, recebendo-o como seu substituto perante Deus. Assim, pela fé em Jesus somos salvos, e regenerados (Jo 1:12-29 / Hb.9:22).
Jesus continua ser o Cordeiro de Deus. A única entrada para o Tabernáculo, no céu, é pela sua morte. Boas obras, palavras bonitas, bons pensamentos, religião, filosofias, etc. não servem. Deus aceita o homem sim, através dos méritos dos sofrimentos e da morte de Jesus.

11. 2 - O Material - Madeira de acácia, setim coberto de cobre. Esta madeira achava-se crescendo no deserto, um tipo de Jesus, na sua humanidade, de origem humilde, qual raiz sai duma terra seca (Is. 53.2). O bronze é o tipo do juízo de Deus.

11. 3 - Os Chifres - Eram quatro, um em cada canto (Lv. 9:9) aspergidos com sangue. Os chifres, na palavra, representam poder. “Mas exaltará o meu poder como unicórnio (animal semelhante ao boi) (Sl. 92.10). O poder de Deus manifestado em ressuscitar Jesus da Morte. Pois também ele foi crucificado em fraqueza, mas vive pelo poder de Deus” (IICo.13:3- 4 / Hb. 7:25). Isto é, Jesus ressuscitou pelo poder que há em si mesmo, pois ele é Deus, ele é a ressurreição, ele é a vida.
Aspergidos com sangue, apontados em direção aos quatro cantos do mundo, significam que o sangue de Jesus fez expiação para todas as nações e que há poder suficiente para toda necessidade de todas as pessoas do universo.

11. 4 - As Cinzas - Foram levadas para um lugar limpo (Lv. 6:10-11). O corpo de Cristo foi sepultado num túmulo novo que nunca fora ocupado.

11. 5 - O Fogo
Símbolo, ou manifestação da santidade de Deus. (Êx. 3:5).
Símbolo do juízo divino sobre o pecado. “Nosso Deus é um fogo consumidor” (Sodoma e Gomorra).
Símbolo de purificação (Zc. 13:9 / Mt. 3:3).

11. 6 - Os Varais - O altar tinha dois varais, feitos de madeira, cobertos de cobre. A função destes era a de carregar o altar de lugar em lugar. Representam as duas partes do Evangelho, pelo qual a mensagem do Calvário é levada a todo o mundo;
Que Cristo morreu pelos pecadores;
Que cristo foi ressuscitado (ICo. 15:1-4 / I Co. 2:2).

12 - O Lavatório de Cobre

Era o lugar de purificação, onde os sacerdotes se lavariam antes de entrarem no Tabernáculo (Êx. 30.17-21). A água é um tipo da Palavra de Deus, pela qual fomos purificados pelo poder do Espírito Santo (Jo. 15:3 / Ef. 5: 26 / Jo 3:5-7 / ITs. 1:5).
No ministério sacerdotal, o sacerdote tomava banho, sendo lavado o corpo todo (Êx. 29: 4 / 40:11 / Lv. 8:6). Isto representa a regeneração, “não por obras de justiça que nós fizemos, mas segundo a sua misericórdia, pela lavagem de renovação do Espírito Santo” (Tito 3: 5). “Cheguemos com o coração sincero em plena certeza da fé, tendo os nossos corpos lavados com água pura” (Hb. 10:12). Gerado pela Palavra da Verdade (Pe. 1:23 / Tiago 1:18).
Depois da consagração, os sacerdotes lavavam somente as mãos e os pés, antes de entrarem no Santuário. Este ato é um tipo da purificação por contato com mundo. Antes de Celebrar a Páscoa e a Ceia com seus discípulos, Jesus lavou os pés deles e disse: “Aquele que já se banhou (o corpo todo), não tem necessidade de lavar senão os pés, porém está todo limpo, e vós estais limpos” (Jo. 13:10).
A lavagem da regeneração realiza-se uma só vez, mas a purificação da contaminação com o mundo é um processo continuo, sem o qual é impossível ter comunhão perfeita com Deus.

12. 1 - O Tamanho - O tamanho não é revelado. Este fato sugere que a santificação em Deus não tem tamanho ou limite, quanto mais nos purificar, melhor.
12. 2 - Nunca Coberto - O lavatório nunca foi coberto, nem durante a marcha e nem ao estarem acampados. A Palavra de Deus é uma revelação e não um mistério encoberto como alguns religiosos ensinam.

13 - O Tabernáculo Próprio

TIPO:
Da igreja, como habitação de Deus pelo Espírito Santo.
Do crente, individualmente, como Templo do Espírito Santo.
Das coisas Celestiais.

13. 1 - As Cortinas do Tabernáculo (Êx. 26:1-14)

Peles de animais marinhos (Êx. 26:14). Era a cortina exterior, sem forma ou medida específica. De cor cinzenta, faltava-lhe beleza. Um tipo de Jesus Cristo, visto pelos homens: “O Carpinteiro” e o “Nazareno”.
Peles de carneiro tintas de vermelho (Êx. 26:14). Colocada por baixo da cortina de peles de animais marinhos. O carneiro simbolizava “substituição” (Gn. 22:13-23). O carneiro substituiu Isaque no altar do monte Moriá. Tipo de Jesus (IPe. 3:18 / 2:21 / ICo. 15: 3-4 / Gl.1:4 / Rm. 5:8 / Is. 53:6 / Jo. 3:16).

· As cortinas de linho fino retorcido
Eram cortinas interiores, colocadas debaixo dos pelos de cabras, bordados em azul, púrpura, escarlate, com figuras dos querubins (Êx. 26:1-6).
O linho é produto do reino vegetal e representa a humanidade de Jesus.

13. 2 - Significados das cores:
Azul – Cristo Celestial, da natureza divina.
Púrpura – Cristo, O rei.
Escarlate – Cristo, o sofredor. Sua morte. Esta cor foi obtida de um bichinho de cor escarlate. Foi esmagado para fornecer o corante. Conforme Cristo, chamado de “VERME” em SI. 22: 6, esmagado debaixo do peso dos nossos pecados, derramando o Seu sangue escarlate que nos purifica.
Branco – Cristo, o puro imaculado.

13. 3 - Significado dos querubins:
A palavra “querube” significa FORÇA ou PODER. Os querubins são seres celestiais executores da Vontade de Deus (Ap. 7 a 19 / Mt.13:14-42). Assim representam a Divindade de Jesus, o Filho do Homem. Na palavra observamos os querubins de 4 faces (Ez. 1:5-10 / Ap. 4:6-8).

Vejamos:
Face do Leão – Tipo do poder e Glória Real.
De boi – Tipo de força para trabalhar e servir.
De homem – Simboliza a simpatia e Inteligência
De águia – Voa às alturas. Tipo de poder, da suprema percepção celestial.

Todas representam Cristo nos quatro Evangelhos:
Mateus apresenta Jesus como o Leão da tribo de Judá, o Rei de Israel.
Lucas apresenta Jesus como Filho do Homem, simpatizante, amoroso e exemplo perfeito.
Marcos apresenta-o paciente como o boi, servindo a humanidade.
João apresenta-o como Filho de Deus, voltado ao lugar de onde saiu, o seio do Pai.

14 - A Mesa dos pães da proposição (Êx. 25:23-30).

14. 1 - Material – Madeira de acácia coberta com ouro. Tinha duas coroas, um dentro da outra. Havia quatro argolas, nos quatros cantos, pela quais passaram os varões usados para o transporte da mesa nas jornadas.
Doze pães foram colocados na mesa, um para cada tribo, em duas fileiras de 6 cada. Sobre estes, deitava-se franquincenso, pois eram considerados ofertas ao Senhor. A mesa e os pães eram considerados uma só cousa. Quando se falava da mesa, incluía-se os pães.
A igreja é chamada “um só Pão” (ICo. 10:17). Cristo e sua igreja são um só (ICo. 12:12). Cristo como a mesa, sustenta a sua igreja e a apresenta como pão perante Deus Pai (Judas 24.25).

15 - O Candeeiro de Ouro

A finalidade do candeeiro era fornecer luz, que revela, purifica, sara e serve para crescimento. Aqui vemos Jesus a luz do mundo, nosso instrutor e guia. “Eu sou a luz do mundo, quem me segue, de modo nenhum andará nas trevas” (Jo. 8:12).
O candeeiro era feito de ouro puro, maciço. Foi feito de uma só peça, não fundido, mas sim batido (Nm. 8: 4). Este processo de bater representa os sofrimentos de Jesus, o esmagamento e tristeza dos pecados de todo o mundo que ele levou. “Jeová fez cair sobre Ele a iniquidade de todos nós” (Is. 53:6).
O candeeiro também é tipo de Igreja. “Vós sois a luz do mundo” (Mt. 5:14 / Lc. 35 / Fl. 2:15). Os sete candeeiros de Apocalipse 1.12-20 / 2:5 (O Candeeiro de Êfeso estava apagando-se).
Na parábola da moeda perdida (Lc. 15), vemos a mulher acender a luz e varrer a sua casa. Ela representa a igreja buscando a alma perdida à luz da Palavra.

15. 1 - O óleo do candeeiro – (Êx. 27:20) – Era um óleo especial, usado para ungir. Cristo foi ungido com óleo especial, o Espírito Santo que foi derramando sem medida sobre Jesus (Jo 4:34). A igreja, como luz do mundo, também precisa deste óleo especial.

16 - O Altar de Incenso (Êx. 30:1-10, 34-36).

O altar de incenso era um lugar de adoração, de culto e louvor. Sacrifícios não eram oferecidos neste lugar. Tipo de Cristo, em cujo nome as nossas orações sobem a Deus.

Material – Madeira de acácia coberta com ouro. Tipo da humanidade e da divindade.

Posição – No Lugar Santo, em frente ao véu e a arca. Isto representa Cristo, nosso caminho ao Pai. “Pois por ele temos ambos a nossa entrada ao Pai” (Ef. 2:18).

Os chifres (símbolo do poder) – Um em cada canto. Aspergido com sangue uma vez por ano. Isto representa o poder do sangue de Jesus, que nunca perde a sua eficiência (Êx. 30.10 / Hb. 9:14).

O Incenso – Tipo da oração (SI 141:2 / Ap. 5:8). Queimado continuamente Ef. 6:18.
A relação entre dois altares (Êx. 30:10 / Lv. 16:12).
O fogo que queimou o incenso veio do altar de cobre. Assim vemos que o valor e a potência da oração de Jesus dependia do sacrifício de si mesmo na cruz. Se não morresse em nosso lugar, não teria intercedido por nós. O sacerdócio de Jesus vigorou oficialmente desde a ressurreição (ICo. 15:1 / Lv. 16:12-27).
O Incenso foi oferecido por Arão (Vs. 7-8) – Tipo de Cristo (Hb. 9:24 / 8:1). Arão ofereceu incenso só por Israel. Cristo orou só pelos seus (Jo 17:9). Neste capítulo 17, vemos Jesus, o Sumo-sacerdote, oferecendo o incenso de oração. Que separação isto constitui entre nós e o mundo! Que Bênção ter Jesus intercedendo por nós! O valor da oração de Jesus, vemos na oração de Pedro (Lc. 22:31-32), que a fé não desfalece. E Pedro não falhou, embora fosse duramente tentado, e negasse 3 vezes.
Jesus não só ora por nós, mas toma as nossas orações e as apresenta juntas com as suas, perante o Trono do Pai (Ap. 8:3 / Jo 14:6 / Co. 3:17 / Ap. 5:8).

Composição

· Estoraque – Uma substância que sai de uma árvore nos montes de Gileade. Saía sem incisão. Tipo da espontaneidade de oração e louvor. A plenitude do Espírito Santo produz esta espontaneidade no crente (Ef. 5:18-20).

· Onicha – Tirada dum certo caranguejo do fundo do Mar Vermelho. A verdadeira oração deve sair das profundezas do coração.

· Galbano – Veio das folhas dum arbusto da Síria. Estas foram quebradas e moídas, produzindo uma seiva rala. A oração e o louvor devem sair dum coração quebrantado (Sl. 51:17).

· Franquicenso – Amargo ao paladar. Derivado de uma pequena árvore, por incisão, à tarde, para que durante a noite saísse lentamente. Fala da fragrância do sofrimento de Jesus. Seu lado ferido. Só pelos méritos da morte de Jesus é que nossas orações têm valor.

17 - O Véu (Êx. 26:31-35)

O material do véu era de Estofo azul, púrpura, escarlate e linho fino, indicando outra vez que veio do céu, Jesus que deu o seu sangue, Jesus, o Justo, e Jesus o Rei Vindouro. Aqui vemos as belezas do Seu caráter.
Tipo de Jesus na Humanidade (Hb. 10:19-20). Vimos, anteriormente, que a entrada, ao pátio do Tabernáculo, sugere Jesus, o caminho. O véu sugere, por sua vez, Jesus e sua vida (Jo. 14.6).
“Portanto irmãos, tendo confiança de entramos no Santo Lugar pelo sangue de Jesus, pelo caminho que nos inaugurou, caminho novo e de vida, pelo véu, isto é pela sua carne” (Seu corpo ou humanidade) (Hb.10:19-20).
A arca, dentro do lugar Santíssimo era símbolo da Majestosa Presença Divina, onde permanecia a glória entre os querubins. O véu também tinha um bordado, nele as figuras dos querubins, representando o fato de que em Jesus a divindade estava com a humanidade. Esta duplicidade de natureza, em Jesus, está declarada nas seguintes passagens (ITm.3:16 / IICo. 5:19 / Cl. 2:9).
Esta glória divina (shekinah) residia em Jesus e foi manifestada no monte da Transfiguração, quando resplandeceu através de sua carne (Mt.17:1-8). Era a glória que havia na nuvem e entre os querubins da arca do Tabernáculo.
Enquanto este “véu” (a carne de Jesus) não foi rasgado, era uma separação entre Deus e os homens, testemunha concreta da grande distância ente os dois. A encarnação podia revelar ao homem a pureza absoluta, o exemplo infinito, e a vida perfeita de Jesus, mas por si não podia trazer Deus ao homem, nem levar o homem a Deus. Se Jesus tivesse subido ao Pai, na hora da Transfiguração teria ficado na mente do povo a lembrança de um homem perfeito. Porém, a distância entre o homem e Deus teria permanecido a mesma e o homem teria perecido em seu pecado.
Havia só um meio de reconciliar o homem com Deus e efetuar uma entrada para ele no céu, isto é, pelo véu rasgado, ou seja, através da morte de Jesus. Esta verdade era simbolizada anualmente na cerimônia do “Dia da Expiação”, quando o sumo sacerdote matava um boi e um bode no altar de bronze e trazia o seu sangue na bacia, aspergindo-o sobre o propiciatório da arca, dentro do véu. Era o sangue e não a beleza do véu, nem sua composição que garantia a sua vida.
Assim, Cristo entrou no céu com o seu sangue e efetuou a redenção eterna por nós (Hb. 9.12; 10.19-22). Aqui, então vemos o verdadeiro véu, a entrada para o céu – Jesus. O caminho, a verdade e vida (João 14.6).

17. 1 - O véu rasgado (Mt. 27:50-51 / Mc.15:37-38 / Lc. 23:45). O véu do Templo de Herodes, dizem as autoridades nos assuntos judaicos, foi feito de material forte, com espessura de quatro polegadas (aproximadamente 10 cm.). Opinam que um par de bois não poderia rasgar aquele véu. Nem que o homem pudesse ter rasgado o véu de baixo para cima, somente Deus podia rasgá-lo de cima pra baixo. Isto significa que a morte de Jesus, que é nosso caminho em direção a Deus, foi de Deus e não do homem (Jo 10:18 / Sl. 22:15 / 38:2 / 39:9 / 42:7 / 88:16 / 102:23 / Is. 53:10 / Zc.13:7 / Lm.1:12-14 / I Jo. 4:9).
O véu rasgado, a hora do sacrifício da tarde, às três horas (Mt. 27:46). O cordeiro estava no altar. Jesus, certamente, da cruz do Calvário podia ver a fumaça subindo do Templo (ICo.5:7). Quando Ele exclamou: “Está consumado”, rasgado foi o véu. E entregou o seu espírito a Deus (Mt. 27:50). Ele expediu seu espírito (Jo. 10:30 / Lc. 23:46). Tão triunfante foi sua exclamação que o centurião ficou impressionado (Mc.15:39). Assim, a barreira entre Deus e o homem tornou-se em caminho.
O véu rasgado de alto a baixo significa que o caminho a Deus é inteiramente uma obra divina, e que não é possível o homem ser salvo por si mesmo.
Hoje, Jesus está sentado à destra de Deus, Ele fez um serviço completo que nunca precisa ser repetido (Rm. 6:9-10 / Hb.10:10-14).
Vejamos o contraste com o sistema falso da missa católica que crucifica de novo. Jesus é nosso representante no céu.
Vemos que a figura de um crucifixo é uma mensagem negativa, pois apresenta um Cristo morto, quando ele está vivo!
O véu rasgado foi também um protesto divino contra o formalismo dos judeus. (Is.1:11-15 / Jo. 4:24). Até os túmulos se abriram em testemunho do fato de que Jesus é quem abriu a saída do túmulo, da morte e pecado. Aleluia!

18 - O Lugar Santíssimo

A morada de Deus, tipo do céu onde Deus habita (Hb. 9:24 / 10.19). Também tipo de Jesus em quem habitava a plenitude da divindade (Cl.1:19 / Jo.14:6 / 1:14).

Lugar de Esplendor - O ouro das tábuas, as figuras dos querubins, no véu e cortina, que formava o teto, a glória entre os querubins por cima da arca. Tudo isto falava de Jesus, a glória de Deus.

O Progresso - Notemos o progresso desde a entrada do pátio, comparando-se com o progresso da vida cristã (Pv. 4:18). Ao altar de cobre julgou-se o pecado, à pia efetuou-se a purificação; o lugar santo proveu luz, alimentação e comunhão, o Lugar Santíssimo proveu a glória do Rei. (Sl.43:3-4). A ordem é esta: Altar de Madeira, Pia de Cobre, Propiciatório de Ouro Puro. No mundo, a ordem é contraria: reino de ouro (Babilônia), reino da prata (Anti-Cristo - Daniel 2). “Quão inescrutáveis são os seus juízos e quão impenetráveis os seus caminhos” (Rm 11:33).

19 - A Arca (Êx. 25:10-16).

A arca era uma espécie de caixa de dois côvados de comprimento, um côvado e meio de largura e um côvado e meio de altura. O material empregado era madeira da acácia coberta de ouro.

Símbolo de Jesus - Madeira incorruptível - A natureza humana perfeita de Jesus. Ouro – Divindade de Jesus. Dualidade de naturezas, mas uma só personalidade.

19. 1 - Um Depositário

As duas Tábuas da Lei - Foi chamada a “arca da aliança” porque era o depositário das duas tábuas da lei. Foi feita para a lei (Êx. 25:16). As primeiras tábuas foram quebradas por Moisés pois, moralmente já haviam sido quebradas. Quando recebeu as novas tábuas, guardou-as imediatamente. Na arca acharam repouso e nunca se quebraram (Dt. 10:1-5). A lei não teve por propósito salvar os homens, mas sim revelar o pecado (Gl.2:16 / 3:19). A arca como depositário das tábuas é tipo de Jesus que perfeitamente guardou a lei no Seu coração (Sl. 40:6-8). Nasceu debaixo da lei (Gl.4:4), na vontade do Pai, efetuou a salvação no sacrifício do corpo que tomou sobre si.
O pote de Maná – Simbolizava Jesus, o Pão vivo que desceu do céu (Jo. 6:30-35), simbolizavam o sacerdócio vivo e frutífero de Jesus (Hb.7:24-25).

A bordadura de Ouro representa Jesus, o Rei coroado de Glória. Nasceu Rei (Mt. 2.2). Declarou-se Rei (Jo. 12:13-15). Oferecido por Pilatos como Rei (Jo. 19:24). Crucificado como Rei. Recebido nos céus como Rei (Sl.110:1). Visto no céu como Rei.
Deus estabelecerá o Seu trono no Monte Sião (Sl.2:6). Jesus voltará como Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap.19:16). Jesus é entronização de Deus na humanidade perfeita.
· Quem guardou perfeitamente a lei do Sinai.
· O corpo preparado.
· O pão do céu
· Sacerdote para sempre.
· Rei dos judeus.
· Rei dos reis
· Homem imortal.
· Verdadeiro Deus. Aleluia.

19. 2 - Os nomes da Arca
· Arca do Testemunho (Êxodo 25:22).
· Arca da Aliança (Nm. 10:33).
· Arca do Senhor Jeová (I Reis 2:26).
· Arca de Deus (I Samuel 3:3).
· Arca Sagrada (II Crônicas 35:3).
· Arca da Tua Fortaleza (Salmo 132:8).
· Arca de Jeová, vosso Deus (Js. 3:3).

19. 3 - Representa a Presença de Benção de Deus
· Guiando o povo (Nm. 10:35).
· Comunicando com o povo (Ex.25:22); o lugar de revelação (7:6).
· Habitando com o povo (Lv. 26:12).
· Dando vitória (Js. 3:3-4). A travessia milagrosa do Rio Jordão.
· Destruição de Jericó (Josué 6).

19. 4 - O Propiciatório (Ex. 25:17-21) – O Propiciatório era a tampa de ouro maciço que foi encaixada na arca. Nas suas duas extremidades foram colocados dois querubins de ouro maciço, da mesma peça. Olhavam ao propiciatório e suas asas formavam uma cobertura sobre a luz “Shekinah” que brilhava entre os querubins.
O ouro batido representa os sacrifícios de Jesus, nosso propiciatório. Propiciação é a ação ou efeito de tornar propício.
Os querubins representam a supremacia divina sobre os poderes naturais (Mt. 28.18). Os querubins de ouro olhavam, não para fora, para ver a perversidade de Israel, mas sim para o propiciatório, espargido com sangue (Lv. 16.14) e que, segundo o propósito divino, era o lugar de encontro dele com o representante do povo (Êx. 25:22). Assim, o propiciatório é um símbolo de Cristo crucificado. O lugar de encontro entre Deus e os homens.
Como o Sumo Sacerdote aspergia o sangue do sacrifício no propiciatório no Dia da Expiação (Lv. 16:12-14), assim Jesus aspergiu o seu próprio sangue no propiciatório do céu, o trono de Deus, que de trono de juízo se tornou em trono de graça (Hb. 9:12 / II Co. 5.21 / Is. 53:10 / Hb. 6:20 / 4:14-16). Os pecadores ficam cobertos (Sl. 32.1). Os querubins olhavam as tábuas da lei através do sangue. Assim Deus nos vê através do sangue do seu Filho Jesus. A lei ficou coberta e escondida. A expiação significa “Cobrir”, no hebraico. Os nossos pecados são cobertos (Gl.3:13). O juízo ficou suspenso, a sentença anulada, a Lei satisfeita e o pecador salvo.

19. 5 - A historia da Arca.
Arca e a travessia do Rio Jordão (Js. 3:7-18).
A Arca e a tomada de Jericó (Josué 6.6:11-20).
A causa: Pecado de Hofni e Finéias, filhos de Eli.
A Arca e Dagon (I Samuel 5). Dagon caído perante a arca de Jeová. Prefigura o dia quando toda idolatria terá caído perante o Senhor.
A arca e a casa de Obed-Edom (II Sm. 6:1-11). Trazida por Davi depois, à Jerusalém (II Sm. 6:12).
Depositada no Templo de Salomão. Depois da destruição deste templo não há mais notícia da arca.

20 - O Incensário de Ouro

O Incensário foi feito de ouro puro. Usado por Arão no dia da expiação no Lugar Santíssimo (Lv. 16.12).
Brasas vivas foram tiradas do altar do sacrifício e colocadas no incensário. O incenso foi queimado por este fogo perante o Senhor. O incenso é o tipo de oração. Arão tipifica Jesus, nossas orações e petições, qual incenso, perante o Pai.

21 - O Sumo Sacerdote (Ex. 28:1 / Hb. 7:1-28).

21. 1 - Definição (Hb. 5:1-2).
Dentre os homens.
Ordenado a favor dos homens.
Oferecer sacrifícios e dons pelos os homens.
Cheio de compaixão.

21. 2 - O serviço de Cristo
Serviço por nós (Morte, oração, expiação etc.).
Nossa justiça (Jr. 23:6 / I Jo. 4:17).
Nosso Advogado (I Jo. 2:1). Inclui-se a idéia de defender-nos do “Promotor” que nos acusa, que é o Satanás (Jo. 1.6-12 / Zc. 3:1-4 / Ap. 12:3-10).
Nosso confessor (I Jo.1:9-10)
Nosso intercessor (Hb. 7:25). Ora pelos seus (Jo. 17).
Nossa vida (Cl. 3:4).
Nosso percurso (Hb. 6:20)
Nossa garantia.

21. 3 - As Vestiduras do Sacerdote
As vestiduras do sacerdote eram chamadas “sagradas” (Êx. 28:2) e para “glória e formosura”. Eram usadas, não para conforto, mas sim para revelar o caráter e a natureza de Jesus Cristo, de quem era o tipo. Foram colocadas na seguinte ordem:

21. 4 - A Túnica de Linho Fino (Êx. 28:39). A primeira a ser colocada era feita de linho tecido (Êx. 30: 27). Representa a pureza, perfeição e justiça imaculada de Jesus (Ap. 19:8).

O testemunho concernente a Jesus é universal. Assim, opinaram sobre ele:

· Pilatos: “eu não acho crime algum” (Jo. 18:38 / 19:4).
· Esposa de Pilatos: “Não te envolvas com este justo” (Mt. 27:19).
· O ladrão “este nenhum mal fez” (Lc. 23:39-41).
· Herodes (por Pilatos) “Nem tão pouco Herodes… nada contra ele se verificou” ( Lc. 23:15)
· O centurião: Verdadeiramente este homem era filho de Deus” (Mc.15:39).
· Estevão “O justo” (atos 7:52).
· Pedro “O Santo, O Justo” (atos 3.14). “Ele não cometeu pecado, nem tão pouco foi achado engano em sua boca” (I Pe. 2:22).
· João “Nele não há pecado” (I Jo. 3:5).
· Paulo “aquele que não conheceu o pecado” (IICr. 5:21).
· Demônios do poço do abismo:
· “Filho de Deus” (Mt. 8:29)
· “Bem sei que és o santo de Deus" (Mc. 1:13-24).
· “Que tenho eu contigo, Jesus, Filho de Deus Altíssimo” (Mc. 5:6-7).
· “Jesus, filho do Deus Altíssimo" (Lc. 8:28).
· Deus Pai: "Este é o meu filho Amado em quem me comprazo. Ouvi-o" (Mt. 17:5 / Hb. 1:8-12).
· Testemunho de si próprio. “Qual de vós me convence de pecado” (João 8:46).
· Os oficiais que vieram prendê-lo: “Nunca homem algum falou como este homem” (Jo. 7:46).
· O público. “Ele tudo tem feito bem” (Mc. 7:37).

21. 5 - O cinto de linho fino (Êx. 39:29). Amarrado sobre túnica de linho, o cinto simbolizava serviço (Lc. 17.8; Is. 22.21). Representa Jesus, o servo. Deus acerca dele disse: “meu servo” (Is.42,1). Paulo disse que Jesus tomou a forma de servo, (Fp. 2:6-7 / Mt.20:28 / Lc 22:27). A vida de Jesus era a vida de servo. (Mc. 1:37). Anunciou-se como o “Enviado”(O servo). Em João 13:1-14, vemos Jesus cingindo com a toalha, lavando os pés dos discípulos, demostrando que veio servir à humanidade, lavar os defeitos dela, contraídas pelo contato com a “Poeira” deste mundo (seus atos, pensamentos e palavras rebeldes contra a vontade de Deus). O crente deve tomar a sua posição de servo como Cristo deixou o exemplo e servir o próximo (Vs.14-15).

21. 6 - O manto de Éfode Ex. 28.31-35.
O manto foi feito de estofo, de uma só cor, azul. Era uma só peça de cima em baixo. Em cima havia abertura para a cabeça, dobrada de forma que não pudesse ser rompida.

· Símbolo de posição, caráter e ofício.
Juízo (Jo. 29:14). Zelo (Is. 59:17). Justiça (Is. 61:10). Sendo o manto especialmente a vestimenta do sacerdócio e sendo Jesus o nosso grande Sumo-sacerdote, o manto simbolizava o seu ofício, e o seu caráter perfeito.

· A cor azul representa Jesus o homem celestial, vindo do céu.
Ele falou do céu. Levantou os olhos ao céu. Representou o céu. Andou para o céu. Teve o céu sempre em seus pensamentos. Note o contraste com o primeiro Adão que era “terreno” (I Co. 15:45-49). Aqui, Jesus não tinha morada, possessões, tesouros. Foi a encarnação da graça (Sl.45:2). Dos seus lábios saiu o “bálsamo” de Gileade. Com ele veio a graça e a verdade. (Jo. 1:17). Com razão usamos a saudação: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo”.

· As campainhas de ouro nas orlas.
Representam o falar, o testemunho e as palavras de Jesus (Jo.7:46). Quando o Sumo Sacerdote entrava no lugar Santíssimo, ouvia-se um som alegre (um eco, diz no grego) (Atos 2:2). No cenário, onde os discípulos foram batizados com o Espírito Santo (Atos 2:32-36). No pleno sentido do seu ministério, as campainhas representavam os 9 dons do Espírito Santo (ICo. 12 e 14).

· As romãs nas orlas.
Se as campainhas representam os dons do Espírito Santo, as romãs representam os frutos do Espírito Santo (Gl.5:22), que se manifestaram em igual número (Nove). Tanto dons, como frutos são evidências do ministério eficaz de Jesus no céu a favor da igreja. Deve haver um balanço entre os dons e os frutos (I Co. 13). Como havia no manto uma campainha e uma romã. Os frutos do Espírito Santo devem acompanhar os nossos frutos.

21. 7 - O Éfode ou Estola (Êx. 28:6-30 / 39:2).
Era a vestimenta exterior, sem manga. Uma espécie de colete, descendo para baixo da cintura. Era feito de duas peças, de frente e das costas. Estas duas peças eram ligadas aos ombros com duas pedras de onicha. Em cada uma dessas pedras estavam escritos os nomes de seis tribos de Israel. À cintura havia outro cinto “primorosamente” tecido, feito de ouro, estofo azul, púrpura, escarlata e linho fino retorcido.
O Éfode foi feito de ouro bem batido e feito em fios que foram tecidos junto ao linho retorcido, o estofo azul, a púrpura e o escarlate. Era uma vestimenta reluzente e gloriosa. O ouro, como nas demais peças do Tabernáculo, representam a natureza divina de Jesus e o linho a natureza humana.
Eram duas naturezas, mas um só éfode. Nos evangelhos vemos Jesus, o homem, com corpo, sofrendo fome, cansaço, tristeza, etc., mas também o Filho de Deus, o grande “Eu Sou”, operando milagres, levantando os mortos, mandando nas forcas da natureza (Gravitação, densidade, e nos animais). Não se pode separar as duas naturezas de Jesus sem destruir o Éfode. Claramente a revelação divina da Bíblia é Jesus, o Deus-Homem.
As duas pedras preciosas de onicha, nos ombros, são símbolos de poder. O Bom Pastor leva a ovelha desgarrada no ombro (Lucas 15:3-7 / Is. 26:4 / 9:6 / Jo.17). Jesus leva-nos em seus ombros perante o Pai (Jd. 1-24).

21. 8 - O Peitoral (Êx. 28:15-30).
O peitoral era ligado no Éfode. Era uma espécie de saco, feito dos mesmos materiais: ouro, púrpura, escarlate e linho fino. Nele havia doze pedras, de quatro fileiras, três em cada fileira. Em cada pedra foi gravado o nome de uma tribo. No saco foram colocados os objetos chamados “Urim e Tumim”, que significam “Luzes e Perfeitos”. Por consultá-los, o sacerdote podia conhecer a vontade de Deus. O peitoral foi colocado na frente do Éfode, um pouco acima do cinto “primorosamente tecido”. O peitoral era quadrado, de um palmo de cada lado.
A mensagem do peitoral é que Jesus, nosso Sumo-sacerdote, leva o seu povo no seu coração, como Arão levava individualmente os nomes das doze tribos (Gl.3:3 / Hb:2.14 / Ef. 2:6). O trabalho sacerdotal de Cristo não é formalista, mas sim amoroso e sincero. Ele realmente ama seu povo, intercedendo por ele com alegria (Jd. 2.24). Os nomes das tribos nas pedras nos ombros vieram na ordem do seu acampamento ou na marcha. As pedras nos ombros eram de igual valor, e as pedras do peitoral de valor diverso. Estes fatos sugerem a verdade que por nascimento e regeneração, somos todos iguais perante Jesus (Gl. 3:26), resgatados todos com o mesmo sangue. Somos todos como “pedras preciosas” para Ele (Ml. 3:17 / I Co.6:20).
Mas havia pedras mais perto e outras mais longe do coração de Arão. Assim, entende-se que há discípulos que querem se aproximar mais de Jesus, e outros ficam mais afastados dele. Entre os 70 discípulos existiam 12, mais próximos dEle, e entre os 12, havia três especiais: Pedro, Tiago e João, e ainda entre eles, João “o discípulo que Jesus tanto amava”, e que descansava no seu peito (Jo. 20.20). Paulo foi outro apóstolo que era íntimo de Cristo (Fp. 3:3-10 / II Co. 5:9). É claro que há diferença entre crentes. Alguns são mais agradáveis ao Senhor, dependendo da sua vida, do seu amor e do seu serviço (Gl. 5:25 / Cl. 3:1-3).
O resplendor das pedras representava a glória de Jesus (João 17:22). O Urim e Tumim que se colocava no peitoral (Lv. 8:8) eram usados pelo sumo-sacerdote para saber a vontade de Deus e assim, tornou-se o conselheiro do povo em tempos de perplexidade. Por exemplo, quando precisavam decidir casos de inocência ou culpas. Embora, pouco sabemos do seu verdadeiro uso em tempos posteriores, compreendemos que, como os demais artigos do sacerdócio arônico, eles representam a direção divina do Espírito Santo. O Urim e Turim desapareceram, mas o Espírito Santo permanece conosco para sempre (Jo. 14:16 / I Co. 2:10).

21. 9 - A Mitra (Êx. 39.28; 28.39).

A palavra “mitra” vem do hebraico e significa “enrolar”. O linho Fino da Mitra foi enrolado ao redor da cabeça de Arão em forma de turbante.
Esta mitra significava a obediência de Jesus à seu Pai. Uma cobertura na cabeça (no Novo Testamento) significa obediência (I Co. 11:2-16). Jesus era obediente (Fp. 2:8) conf. Isaías 42:1, que contraste forte com o Anti-Cristo que tudo faz segundo a sua própria vontade (Daniel 11:36 / II Ts. 2:4). É pela perfeita obediência de Jesus a Seu Pai que o homem recebeu redenção.
Na parte dianteira da mitra, numa fita azul, foi colocada uma “lâmina de ouro puro” na qual foi gravada “Santidade a Jeová” (Êx. 28:36-38). Esta lâmina foi à última peça das vestimentas gloriosas de Arão. Estando ele ali na presença do Senhor, esta lâmina refletia santidade do povo de Deus. Nisto ele representa Jesus, que está na presença de Deus como nossa justiça e santidade (II Co. 5:21). Na sua santidade temos a santidade (Ef. 1:4). Como no Tabernáculo, Deus via Israel como que na pessoa do Sumo-sacerdote, Assim Deus nos vê na pessoa do Seu Filho Jesus (I João 4:17).

21. 10 - Estudo resumido das vestiduras de “Glória e Formosura”

· Túnica de linho - O Imaculado.
· Cinto de Linho - O servo.
· Manto de Éfode - O celestial, cheio de graça.
· O Éfode - O Deus-Homem.
· As Pedras nos ombros - Aquele que fortalece e sustenta.
· O peitoral - O amoroso.
· A mitra - O obediente.
· A lâmina de ouro - O santo.

22 - A consagração dos Sacerdotes (Lv. 8).

Neste capítulo 8 de Levítico, vemos instalados no sacerdócio, Arão e seus filhos.

22. 1 - Arão lavado, junto com seus filhos.
Aplicada a água por Moisés. Água que é símbolo da Palavra, significa que os crentes, sacerdotes com Cristo, são unidos com ele na santificação (Hb. 2:11). A unidade essencial entre Jesus e Sua Igreja é uma verdade, bem declarada no Novo Testamento (Jo. 17:19). Antes de servir no sacerdócio, precisamos despir-nos das vestiduras da carne. “Frutificai-vos os que levais os vasos de Jeová” (Is 52:11).

22. 2 - Arão consagrado primeiro.
Foi vestido publicamente por Moisés, primeiro, em separado. Assim, o mundo tem visto em Jesus uma singularidade de pessoa e ministério. Ele é diferente de todos os demais homens da história, verdadeiro Deus e homem perfeito. Arão foi ungido com óleo (verso 10), tipo de Jesus ungido com o Espírito Santo (Mc. 3:13-17 / Lc. 4:18).

22. 3 - Arão e seus Filhos Santificados pelo Sangue.

· Sobre a ponta da orelha direita (V.23). A orelha representa o ouvir a Deus (Mc. 4:24 / Lc.8:18). Não temos direito aos nossos ouvidos, mas devemos consagrá-los ao Senhor (Mt. 3.19 / Ap. 2:7). Quais sacerdotes, somos crucificados, ressuscitados e sentados com Jesus (Éf. 2:5-8).

· Sobre o dedo polegar da mão direita. Representa o nosso serviço que deve ser completamente consagrado ao Senhor (Êx. 32.29) “Enchei as vossas mãos ao Senhor” (I Cr. 29.5) confronte Êx. 23:15 e 34:20 / Dt. 16:16.

· Sobre o dedo polegar do pé direito. Representa o nosso andar consagrado ao Senhor. Não podemos ir onde queremos, mas sim onde o nosso Senhor nos mandar (ICo. 6:19-20).

· Consagrados com ofertas pelo pecado, ofertas queimadas e as movidas perante o Senhor (Lv. 8:2-25-29). Representa o fato que nosso ministério estará sempre intimamente ligado com a morte e a ressurreição de Cristo.

· Arão e seus filhos ungidos com óleo (Lv. 8.30). Tipo da unção do Espírito Santo no dia do Pentecostes (Atos 2 / Ef. 1:13-14 / ICo. 1:21-22).

· Durante sete dias permaneceram no Tabernáculo, no Lugar Santo e comeram o sacrifício (Lv. 8-31-36). Nisto temos uma ilustração da separação moral e espiritual da igreja, tanto individual como coletivamente. Somos um povo separado:
a) Pelo propósito eterno de Deus que nos chamou à salvação.
b) Pela cruz (Gl. 6:14).
c) Pelo Evangelho e chamada do Espírito (Jo. 16:8).
d) Pelo ato criativo de Deus, no qual recebemos a vida eterna (Ef. 2:10 / IICo.5:17 / I Co. 6:17). e) Pela presença do Espírito Santo (Jo. 14:17).

Os sete dias de separação sugerem o rapto da igreja e o tempo de sete anos que ela passará com Jesus nos céus, durante o qual a tribulação virá sobre o mundo (Ap. 6.18). Nos céus, a igreja gozará da festa nas Bodas do Cordeiro (Ap. 19:7-8).
No 8o dia, Arão e seus filhos saíram (Lv. 9:1-4). “Hoje Jeová vos aparecerá” (ver. 4). Depois que o sacrifício foi oferecido e Arão e seus filhos saíram do Tabernáculo vestidos em suas vestimentas sacerdotais e reais, abençoaram o povo e a glória do Senhor apareceu a eles e a todo o povo, desceu fogo do céu e consumiu o sacrifício (Lv. 9:23). O povo, diante desta manifestação da presença divina, prostrou-se e jubilou-se no Senhor. Esta cena nos sugere uma outra, a de Ap. 19, onde Jesus e Sua Igreja, todos vestidos em roupas resplandecentes saem do Tabernáculo celestial para vingarem-se do seu usurpador, o Anti-Cristo e os que seguem. Então será estabelecido o seu glorioso reino de paz e justiça na terra, por mil anos, que maravilhosa esperança para os redimidos do cordeiro (Ap. 19:11-21 / Cl.3:4).

23 - As Cinco Grandes Ofertas (Lv. 1-5).

23. 1 - O Holocausto (Lv. 1:1-17)
Holocausto quer dizer “o que ascende ou sobe”, isto é, completamente queimado e que subiu fumaça. É chamado de uma oferta “Suave Cheiro” a Jeová (vs. 9). O holocausto era um sacrifício oferecido a Deus (Hb. 9:14). O holocausto figura aquela parte da morte de Jesus, em que se vê o Filho de Deus oferecendo-se inteiramente ao Pai. É devoção sem reserva. Era o “OBLATIO”, isto é, adoração, oblação ou culto.
No calvário vimos Deus virar Seu rosto contra o Filho, o representante pelo pecado, mas no holocausto, vemos cheio de alegria divina em ver Seu Filho entregue completamente à sua vontade, adoração e cheio de amor para com ele.

23. 2 - Animais usados:
· Boi - Tipo de trabalho, ou Jesus, o servo (Is. 52:13-15 / Fp. 2.5-8 / Hb. 12:2-3 / I Co. 9:10).
· Ovelha - A ovelha é símbolo de simplicidade, paciência, mansidão, inocência e pureza, é tipo de Jesus na Sua mansidão (Isaias 53:7).
· Pombo - Tipo da inocência e simplicidade de Jesus. Sua pobreza, etc. (II Co. 8:9 / Is 59.11 / Mt 23:37 / Hb 7:26).

23. 3 - A Oferta preciosa sem defeitos (vs. 3). Tipo da perfeição de Jesus (Hb. 9:14 / II Co. 5:21).

23. 4 - Oferta voluntária (vs. 3). Jesus ofereceu-se para vir à terra em forma de homem visível, para morrer e assim efetuar a salvação do homem para a gloria de Deus (Fp. 2.6-8). Esvaziou-se da sua glória, tomou corpo humano (Sl 40:8). Tudo isto era mandamento do Pai (Jo. 10.16-18).

23. 5 - Colocado em ordem sobre a lenha (vs 8). Cada detalhe da morte de Jesus foi previsto e pré-arranjado desde a eternidade. Por exemplo: a roupa repartida entre os soldados, a sorte lançada sobre a túnica, a zombaria, o vinagre, o fel, as palavras “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?”, nenhum osso quebrado, coração fisicamente quebrado, enterro no túmulo do rico, etc. (Sl. 22:1-8-18 / 34:20 / 69:20-21 / Is. 53:9).

23. 6 - A oferta foi esfolada e cortada em pedaços. O esfolamento revelou os tecidos da carne. Assim, as tentações de Jesus, revelaram o que havia nele: perfeição e obediência a Deus. Nenhum pecado foi revelado. Podia dizer: “Ai vem o príncipe do mundo (Satanás); ele nada tem em mim” (Jo. 14:30, confronte: Jo. 8:46).

23. 7 - Os intestinos e pernas da oferta, lavados com água (vs. 9). Os intestinos representam os motivos, os impulsos e inspirações da vida. As pernas representam o andar (Sl. 51:6 / Jr.31:33). O motivo de Cristo era agradar seu Pai (Jo. 8:29). Seu andar foi sempre governado pela Palavra que ele mesmo podia oferecer em holocausto ou oblação na cruz romana. Aleluia.

23. 8 - A gordura posta na lenha. Gordura representa saúde e excelência, dons e qualidade. Em Jesus tudo foi consagrado. Nós também devemos consagrar até a “gordura” da nossa vida (Rm. 12.1-2). Isto é, cultuar a Deus com o melhor de nossa vida.

23. 9 - A cabeça posta na lenha. A cabeça representa a inteligência e o pensamento de Jesus. Também representa a consagração dos pensamentos, com relação ao crente (Cl. 3.1-2 / Fp. 4:6-7).

23. 10 - As cinzas postas para o oriente ao altar. O Tabernáculo olhava para oriente. Assim o pecador, quando simbolicamente estava no Santo dos santos, na pessoa do Sumo sacerdote, podia dizer as palavras do salmista: “Quão distante o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões” (Sl. 103: 12).

23. 11 - Foi completamente queimado. Nada foi comido pelo sacerdote. Foi somente para Deus.

23. 12 - Aceitação do adorador dependia da aceitação da oferta. Foi pessoalmente apropriado.

23. 13 - Imolado à porta do Tabernáculo. Publicamente. Da mesma forma o pecador precisa confessar Jesus com sua boca (Rm. 10:9-10).

23. 14 - O ofertante pôs a mão na cabeça do sacrifício. Significa transferência de posição. O pecado do homem, quando crê, é transferido para o corpo de Jesus, onde foi punido.

23. 15 - O Holocausto sempre perante o Senhor. O fogo não podia se apagar. Jesus, nosso holocausto, está sempre perante Deus. Sua consagração nunca cessa.

23. 16 - A Oferta de Manjares (Lv. 2). Esta oferta significa no hebraico “Dom” (no latim “donatio”). Era a oferta sem sangue e nos apresenta os símbolos da pessoa e caráter do nosso Senhor Jesus Cristo.

· Composto em flor de farinha. Bem moído, bem uniforme em qualidade. Representa a vida de Cristo, bem equilibrado e verdadeiro. “Ele tudo tem feito bem” (Mc. 7.37). Manteve a Lei e usou a graça (confronte o caso da mulher apanhada em adultério Jo. 8.1-11). Era cheio de graça e de verdade. O homem perfeito “em tudo”: palavra, pensamento e ação. O processo de moer o trigo sugere os sofrimentos de Jesus (Is. 53:5 / Hb. 2:10 / 4.15 / 5:8 / Sl. 51:17).

· Ungido com azeite (vs 11). Simbolizava o Espírito Santo em sua vida. “Encarnação (Lc. 1.35), concepção pelo Espírito Santo. Batismo com Espírito Santo (Mt. 3.17 / At. 10.38 / Is 61.1 / Jo. 1:32), como azeite unia as partículas da farinha assim o Espírito Santo une os membros da igreja (Éf. 4:3).

· Temperado com sal (vs. 13). O sal conserva da corrupção. Nossa conversão deve levar sal (Cl. 4:6). Confronte o exemplo de Jesus. “As palavras que eu vos tenho dito, são espírito e vida” (Jo. 6:63 / Mt. 12:36-37 / Jd. 14-15 / Cl. 3:16).

· Fermento proibido. Fermento simbolizava o que é mau, corrupto e falso. Coisas da carne (ICo.5:6). Doutrina dos escribas e fariseus (Mt. 16:5-11), confronte Cl.3:5-9. A ausência do fermento indica que Cristo era Verdade e Sinceridade (Jo. 14:6), como simbolizado no pão asmo da páscoa (Êx. 12).

· Mel proibido. Fermento. O mel representa o que tem doçura natural. O pecado tem uma “Doçura” ou prazer natural que não podemos negar. Mas é de pouca duração. A Jesus, foi oferecido “mel”, quando o povo queria aclamá-lo rei (Lc. 6:51), e quando Satanás usou Pedro para sugerir outro caminho que não o do Calvário (Mt.16:22). O crente precisa ter cuidado com aplausos do mundo (Lc. 6.26), e do “ego” (o seu próprio “eu”) e o amor puramente natural (Mt. 10:37 / Mc. 3:32-33 / Jo. 2:4 / 7:1-6). O mel, mais cedo ou mais tarde, azeda.

· Oferta queimada. Sem o fogo a oferta teria permanecido apenas uma massa (Hb. 12:29).

· Comida pelos Sacerdotes (Lv. 6.14-16). Depois de oferecer um punhado a Jeová, como oferta memorial (vs. 2), o resto era comido pelos sacerdotes, isto figura a igreja sustentada por Cristo, o Pão da vida (Jo. 6:51-57).

23. 17 - A oferta pacífica (Lv. 3:7-28-34).
A oferta pacífica era uma expressão de gozo e gratidão, por parte daqueles que estavam em comunhão com Deus. Não era oferta para estabelecer paz e amizade com Deus, mas sim uma oferta oferecida por aqueles que já desfrutavam destes benefícios. Era figura da paz por Jesus Cristo, pela qual temos comunhão com o Pai. Esta comunhão custou o sangue de Jesus. Esta oferta então fala de Jesus, nossa Paz (Cl. 1:20 / Ef. 2:14 e 17).

24 - A obra de Cristo.

· Propiciação a Deus (Rm. 3:25).
· Expiação – O pecado dos homens expiado;
· Reconciliação – Paz entre Deus e o homem (Rm. 5:10-11 / II Co. 5:19 / Ef. 2:16). Por sua morte, Cristo trouxe o mundo ao terreno da graça onde Deus podia tratar conosco na base de misericórdia. Deus é justo e justificador ao mesmo tempo. A sentença fica suspensa (I Jo. 1:9 / Cl 1:21-22). A paz é paz individual (Rm. 5:1 / Lc. 2:14). O coro angelical dos céus, em Belém, anunciou esta paz. Por causa do sacrifício de Jesus que acabara de nascer no mundo, podiam cantar: “Paz na terra entre os homens a quem Ele quer bem” (Jo. 6:40 / 16:33 / Mq. 5:5). No milênio, cumprir-se-ão as profecias de paz (Ap. 19:11-16 / Sl. 2:9 / Is. 9:6).

24. 1 - O resultado - Comunhão. Simbolizando no comer do sacrifício. O homem, na pessoa do sacerdote, comeu:
· Do peito (Lv. 7:31). Lugar de afeição e amor. Eva foi feita do lado de Adão; João reclinou a sua cabeça no peito Jesus. O sacerdote levava Israel no peitoral (Êx. 28:12-29). Precisamos ver o amor de Deus Pai.
· Do ombro - Lv. 7:32). O lugar de força (Is. 63:17). O sacerdote levava Israel nos ombros, nas pedras preciosas (Êx. 28:11).
· Deus requeria. A gordura, rins e cauda eram queimadas no altar. São tipos da vida perfeita de Jesus em que Deus se agradou.

24. 2 - Quem não podia comer.
· O leproso - tipo de pecado aberto (Lv. 22:4 / Sl. 66:18).
· Qualquer imundo - tipo dos que caem em pecado por descuido e tentação. Depois que o sol entrasse podia comer (Lv. 22:7).
· O estrangeiro (Lv. 22:10).
· O peregrino (Lv. 22:10 / I Jo. 2:19).
· O servo (Lv. 22:10 / Jo. 15:15).

25 - A oferta pelo pecado (Lv. 4).

A oferta pelo pecado trata do que é o homem, isto é, a sua natureza e não só o que faz. O homem é pecador, não porque peca, mas peca porque é pecador.
Em relação às outras ofertas já estudadas, vemos a diferença. As outras ofertas, de suave cheiro, representam a humanidade perfeita de Jesus oferecida a Deus. Na oferta pelo pecado, vemos Jesus levando nossos pecados como substituto. A morte de Jesus é pelo pecado e culpa do homem. Embora estudadas por último, as ofertas pelo pecado foram as primeiras oferecidas (Lv. 4).

A oferta pelo pecado, conforme Levítico, capítulo 4, foi provida em favor:
· Dos sacerdotes (Vs. 3-12).
· De toda a congregação (vs. 13-20).
· De príncipes (vs. 22-26).
· De qualquer pessoa do povo (vs. 27-35). Com isso Deus mostra que o caminho para todos nós é um só.

26 - As ofertas pela culpa.

Esta oferta difere da oferta pelo pecado, no fato de que, além da oferta ao Senhor, o culpado deve restituir a pessoa contra quem pecou, aquilo que roubou, extorquiu ou obteve por meios ilícitos, e mais a quinta parte do seu valor. Esta oferta ao Senhor anuncia que, ao pecar, contra ao próximo, o homem peca também contra Deus.